Escavando as origens de Ksar Sghir e a conquista portuguesa do Norte de África

Texto de Cláudia Barros, Mestre em Arqueologia (Instituto de Ciências Sociais, U. Minho); NETCULT – Núcleo de Estudos Transculturais / CEHUM – Centro de Estudos Humanísticos (U. Minho) Resumo: Entre os séculos XV e XVI, os cristãos europeus arriscam-se na conquista de Marrocos. Os portugueses foram pioneiros na arte de navegar pelos mares, provando pela experiência que além-horizonte havia um Novo Mundo a ser descoberto. Em 1415 dá-se o arranque da narrativa portuguesa com a tomada de Ceuta, e a Coroa lusa estabelece-se em Marrocos até 1769[2]. Neste contexto, a conquista de Ksar Sghir (1458) será uma das peças chave para compreendermos os inícios da expansão portuguesa em África. Atualmente, as ruínas do sítio arqueológico de Ksar são testemunhas de um passado antigo, islâmico e português, que têm fornecido aos pesquisadores um amplo campo de estudo[1]. Palavras-chave: Expansão e Descobrimentos Portugueses, Toponímia, Arqueologia Moderna, Ksar Sghir/Alcácer Ceguer, Marrocos.

O Norte de Marrocos é uma autêntica pradaria recheada dos mais encantadores mistérios, os quais guardam memórias de uma época bem relembrada nos livros de historiadores coevos, mas também em parte esquecida e oculta dos olhares cansados daqueles que povoam as zonas mais recônditas e escondidas deste país tão rico e fascinante.

A sul do Estreito de Gibraltar, numa planície com três quilómetros de extensão na margem esquerda do Oued Laksar, encontra-se Ksar Sghir[3], em tempos um populoso centro de comércio. Do ponto de vista geo-histórico, faz parte do território de Anjera (El-Boudjay, 2012: 115), uma zona de relevos acentuados na direção leste e sul, na continuidade do maciço de Rife. A vila encontra-se cercada a oeste pelo Monte do Seinal (77m), a leste pelo Jbel Dehar Roummane (193m) e a sudeste pelo Jbel Ayad (Teixeira, et al., 2016).

Fazendo uso de um leque sortido de termos, os árabes apelidaram Ksar Sghir de várias formas: Qaçr El-Aouwuel, Qaçr Maçmouda, Qaçr El-Medjaz e Qaçr El-Djouaz. O nome de Qaçr El-Aouwel foi-lhe atribuído por El-Bekri. Já os portugueses optaram pela designação de Alcácer Ceguer (Barros, 2021: 67), aproveitando o nome islâmico, Ksar Sghir, aproximando-o da fonética e grafia lusas (Cruz, 2015).

Graças à sua localização, Alcácer tornou-se um importante posto de contrabando, acabando por se formar uma indústria que fornecia armas a toda a região do norte de Marrocos (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911: 364).

Na Crónica do Conde D. Duarte de Meneses, Zurara refere-se às habitações locais como estruturas simples implantadas nas serranias, fazendo-o evocar as casas de entre Douro e Minho; à saborosa carne bovina; à abundância de leite e de manteiga, sendo raro e caro o azeite, chegado de longe; à relativa carência de peixe, essencialmente marítimo; à abundância e qualidade da fruta e ao uso e até abuso do vinho (2007: 5-6):

Toda esta gente pella mayor parte he pobre e de pouca cubertura assy pera de noite como pera de dya, sua abitaçõ he nas faldras daquellas serras do que aquella parte toda he acõpanhada, toda sua sperança acerca das riquezas poõe em criaçõ de gaados. (…) Suas casas som feitas ao modo que o som as dantre Doiro e Minho cubertas de colmo ou tabual, os bois e uacas som pequenos pero fortes e de muyto leite, todo gaado grosso e saboroso de comer, todo he gaado manso por que pella mayor parte dormẽnas casas antre a gente. Husã muyto em suas uyandas manteiga, por que aallẽde sua mais doçura carecẽdazeite o qual he antre / elles muyto caro por que o ham de longe. Ham // poucos pescados e estes sam do mar por que nos ryos há caasy nada. Auondã em fruitas e todas de grande sabor, todos pella mayor parte bebem vinho e destẽperadamente.

Atualmente as informações de que dispomos acerca de Ksar Sghir são muito vagas. Em 971, os Omíadas do Al-Andalus tentaram apropriar-se do sítio, após uma expedição ordenada pelo califa al-Hakam al-Moustansir (El-Boudjay, 2012: 115), sendo usado como ponto de partida pelo emir almorávida Youssef Ibn Tachfin, durante a sua segunda passagem para o Al-Andalus, em 481 da Hégira (El-Boudjay, 2012: 117).

Durante o reinado dos califas Abd al-Moumen e Yaakoub al-Mansour, Ksar Sghir tornou-se num grande estaleiro (El-Boudjay, 2012: 117) – onde foi construída a maioria dos navios que se dedicavam ao comércio no Estreito –, num um ponto de transbordo de provisões para o reino de Granada (Redman, 1986) e no porto mais utilizado para as expedições ao Al-Andalus (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911: 353):

Yaqoub El-Mançour inicialmente construiu um pequeno castelo (…) Depois, aos poucos, e devido à frequência das expedições, El-Qçar expandiu-se: foram construídas casas e mesquitas, convertendo-se num importante centro industrial; ali se estabeleceram muitos artesãos, tecelões, carpinteiros, marceneiros, armeiros; as florestas da serra de Andjera forneciam a madeira necessária à construção dos navios e reinava no porto uma grande atividade industrial e comercial que fornecia equipamentos e mantimentos aos exércitos que atravessavam o estreito.

Com os almóadas assiste-se a um claro incremento deste papel, ocupando uma função fulcral nas ligações marítimas entre o Norte de África e a Península Ibérica (Teixeira, et al., 2019). A sua localização no Estreito, próximo das costas espanholas, oferecia aos navios um abrigo seguro na baía (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911).

Nos séculos que se lhe seguem, Ksar mantém a função de porta de acesso (Moujoud, 2012). Temos registo de que dinastias como a Idríssida, a Almorávida e a Almóada usaram constantemente as enseadas de Ksar Sghir para chegarem à Península. Também os sultões merínidas, Yaakoub Ibn Abd al-Hak, Youssef Ibn Yaakoub e outros, seguem o mesmo caminho nas travessias para o Al-Andalus (El-Boudjay, 2012: 117).

A sua importância começa a diminuir à medida que os muçulmanos perdiam terras na Andaluzia. No final do século XIV, Ksar Sghir muda de destino, transformando-se num refúgio dos piratas da Barbária (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911).

Alguns investigadores referem-se a Ksar como uma pequena vila sobreposta às ruínas de uma antiga fortaleza (Renou, 1846: 300). De acordo com Jean-Leon l’Africain (1982: 265), era um pequeno núcleo urbano portuário mandado construir por Mansour – rei e pontífice de Marraquexe. Servindo de porto e fortaleza, era um enclave comercial e de controlo da região, em que grande parte dos seus habitantes eram marinheiros, tecelões, comerciantes ricos e valentes combatentes.

Mesmo existindo pelo menos um estabelecimento do século XI na foz do rio, paira uma certa indefinição sobre a data de construção da cidade. Alguns investigadores colocam-na na época almóada – apesar dos raros argumentos textuais e arqueológicos explícitos; outros no período do domínio merínida do sultão Abu Yaqub, mas não citando fontes convincentes, segundo Cressier (2012). Os relatos medievais que referem Ksar Sghir são na sua maioria escassos e incompletos, sendo raro concordarem entre si (Moujoud, 2012: 38).

Não existe qualquer menção ao local nas fontes anteriores ao século X. O leque de topónimos que vieram a representá-lo estaria provavelmente vinculado a certos períodos históricos[4]. A sua primeira referência escrita data do século XI (Teixeira, et al., 2019). Ibn Abi Zar refere, no seu Qirtâs, que Abu Yaqub data a fundação da cidade do ano de 1287 (Cressier, 2012).

Em 1287, o sultão Youssef Ibn Abd al Hak empreende a construção de um recinto circular defendido por vinte e nove torres semicirculares e a instalação de três portas: Bab al Bahr, Bab Fès e Bab Sabta. A cidade islâmica está inscrita num recinto com cerca de 200 m de diâmetro, conferindo-lhe uma certa originalidade planimétrica e urbana, no qual se inscreviam uma mesquita, um hammam[5] e áreas residenciais (El-Boudjay, 2012: 117).

É no cenário do desastre de Tânger, das ponderadas decisões de tomada ou não de determinadas cidades marroquinas e das pretensões expansionistas de D. Afonso V – bastante vivas e com perspetivas de conquistas futuras – que surge Alcácer Ceguer na mira da conquista lusa.

As relações dos portugueses com Ksar Sghir dão-se ainda durante o período do controlo muçulmano, começando pouco depois da conquista de Ceuta (Redman & Boone, 1979). Em 1416, o adail de Ceuta é capturado, juntamente com cinco soldados, durante uma incursão contra os berberes de Andjera, sendo feito prisioneiro pelo alcaide de Alcácer. Por volta de 1426, cerca de quinze portugueses foram também lá tornados cativos (Mascarenhas, 1918: 123). As relações hostis continuarão até à data da conquista de Alcácer.

Depois de uma pausa nas conquistas marroquinas, em 1447 D. Afonso V assume o trono português, e, como os antecessores, estava ansioso pela glória militar (Cenival, 1934: 10), tornando-se a guerra no Magrebe novamente possível. Os seus feitos militares em Marrocos acabam por valer-lhe o cognome de O Africano, marcando uma nova orientação na política da expansão.

Influenciado pela nobreza – desejosa de conseguir novas doações de terras pela sua participação militar –, Afonso V privilegiou em muito a expansão, com o objetivo de conquistar cidades que ajudassem a diminuir o isolamento e as ameaças constantes que vinham assolando Ceuta (Proença, 2013).

A empresa oscilou entre Safim, que traria um proveito imediato; Tânger, que seria preferível a Alcácer, pois determinaria a rendição desta e asseguraria, em combinação com Ceuta, o domínio de uma área relativamente importante, e Alcácer Ceguer. Em 1445-1456 pensou-se, pois, na tomada de Safim[6], no entanto, após ponderada decisão, substituiu-se Safim por Alcácer Ceguer como alvo de conquista (Godinho, 2018).

Segundo Magalhães Godinho (2018: 204), Alcácer era economicamente atrativa para os portugueses enquanto centro de produção têxtil, ambicionando-se também o seu controlo por ser usada como ponto de partida para ataques muçulmanos à costa do Algarve. A sua proximidade com Ceuta tornava-a ainda mais útil para a descentralização das múltiplas atividades nesta praça, permitindo ainda o controlo das movimentações muçulmanas em direção à Península Ibérica e ao Mediterrâneo.

A escolha de Alcácer obedeceu, segundo Góis, à seguinte razão: era uma base de incomodativos ataques navais dos Mouros à costa algarvia. (…) Alcácer era um centro de indústria têxtil, em cujos produtos os portugueses estavam interessados. Por outro lado, Alcácer era a praça mais próxima de Ceuta e que melhor (com exceção de Tânger) podia aliviar a pressão que esta suportava. Além disso, Alcácer (como Tânger) constituía uma boa base para intercetar a navegação muçulmana do litoral marroquino atlântico para a Península Ibérica e para o Mediterrâneo.

Serenadas as lutas intestinas portuguesas, África recebe a atenção de D. Afonso V. A 29 de Maio de 1453, o sultão otomano Maomé II toma Constantinopla e põe fim ao Império Bizantino (Costa, 2018: 38). A tomada de Constantinopla, e os avanços que os turcos poderiam vir a fazer pela Europa, possivelmente terão levado o Papa Calisto III a pregar uma nova cruzada. Apesar de ser uma morte anunciada, o fim do território romano do Oriente causa uma grande comoção numa Cristandade agora mais exposta ao perigo turco (Costa, 2018: 39).

Afonso V manifesta imediatamente a sua adesão, comprometendo-se a servir durante um ano com doze mil homens (Macedo, 2004: 89). O monarca reúne uma armada que acaba, porém, por não partir, devido à falta de apoio dos restantes Reinos Cristãos, quase indiferentes ao projeto. Persistindo no desejo de colaborar com o Papado na luta contra os infiéis, o rei português decide atacar o Norte de África, preparando uma operação contra Tânger (Serrão, 1989), região impenetrável, que sempre fora um desafio para a entrada europeia. Contudo, a cruzada é adiada e Alcácer Ceguer surge como o objetivo da empresa.

O infortúnio vivido em Tânger ainda era recordado pelos portugueses (Fernandes, 2007), pelo que a pretensão de regressar à praça marroquina ainda permanecia viva. Convocado o conselho, começam os debates acerca do rumo a tomar. Após o voto contra do infante D. Henrique e de outros notáveis do Reino, chega-se à conclusão de que seria mais cauteloso tomar Alcácer, dado o facto de servir como bastião muçulmano nas operações levadas a cabo contra a Ceuta portuguesa.

Querendo vingar o desastre de seu pai e o cruel martírio de seu tio, Afonso V prepara então uma expedição rumo ao Norte de África (Castellanos, 1878). Em outubro de 1458, sai de Lagos um contingente militar de cerca de 25000 homens. O monarca empreende a sua primeira expedição guerreira a África (Proença, 2013), comandando uma armada expedicionária composta por 200 naus em direção a Ksar Sghir (Redman & Boone, 1979), com a ambição de a tomar para si.

A frota chega a Alcácer por volta de 21 de outubro, seguindo-se uma luta sangrenta (Lopes, 1939). A 23 de outubro Ksar Sghir é conquistada, o conde D. Duarte de Meneses[7] é nomeado seu capitão e instala-se uma guarnição na cidade. Os muçulmanos deixam Alcácer Ceguer com as suas mulheres, filhos e haveres; os cristãos fazem a sua entrada solene na vila (Costa, 2018). O cerco português é levantado e as forças lusas entram na cidade reclamando-a como a segunda conquista de sucesso da Coroa (Redman & Boone, 1979). Ksar abre então as portas ao exército português. O impacto da conquista portuguesa vem a ser imediatamente sentido através da consagração da mesquita islâmica em igreja (Correia, 2012: 100), na qual é celebrada uma missa de ação de graças pela vitória.

Como represália pela façanha portuguesa, Habdulach – rei de Fez – envia um avantajado exército para tomar novamente a cidade, originando um cerco que dura cerca de dois meses, e vem a ser levantado a 2 de janeiro de 1459 (l’Africain, 1982: 265), dada a falta de resultados a que assiste o monarca. Gomes Eanes de Zurara (2007: 52) refere-se a essa intenção do seguinte modo:

ElRey de Feez partyo pera Tãger donde mandou suas cartas de percibimẽto por toda sua terra auisando todos que uiessẽ percebidos de mãtijmẽtos por que entendya poer cerco aa uilla dAlcacer e nõ se partyr de sobre ella atee que a filhasse. E desy fez uĩjr seus almazeẽs e falou cõ seus marĩjs e alcaydes sobre a maneyra que auya de teer sobre aquelle cerco.

A conquista de Alcácer foi levada a cabo como estratégia geográfica e militar (Fernandes, 2007) bem delineada, com táticas definidas e programadas com tempo, de modo a não redundar em fracasso. Revelou-se assim um importante ensaio para impor o poder europeu sobre o resto do Mundo (Redman, 1986). Demonstrando quão débil se encontrava o império marroquino, dá um impulso à continuidade da expansão portuguesa por terras dos infiéis, desbravando caminho para novas conquistas.

A ocupação portuguesa que se lhe sucederá (1458-1550) consolida afincadamente os alicerces da Coroa lusa no Norte de África, que vem dar força a um continuado domínio de Ceuta. A suserania portuguesa é oficialmente reconhecida pelo sultão de Fez, Moulay Saïd em 1471.

Ksar Sghir detinha uma posição estratégica, sendo um dos pontos mais estreitos do Estreito de Gibraltar. Localizada a 19km de Tânger e 28 km de Ceuta (l’Africain, 1982: 265), encontrava-se a meio caminho entre ambas as cidades – caraterística que a tornara num enclave militar, capaz de manter segura a presença portuguesa na região, além de ser um local fundamental para preparar o terreno no controlo da região do Al-Gharb (Redman & Boone, 1979). Este pequeno porto, além de assegurar o domínio sobre Ceuta, facilitava em muito a ocupação de Tânger (Cenival, 1934), que cairá facilmente nas mãos dos portugueses após a conquista de Arzila em 1471, devido ao facto de se encontrar entre esta e Ksar.

Ksar Sghir é um dos principais locais da costa marroquina do Estreito de Gibraltar. Os textos e as escavações arqueológicas confirmam o seu potencial (Moujoud, 2012: 37), sobretudo a arqueologia, que em muito tem ajudado a esculpir as balizas cronológicas deste período, graças à abundância de artefactos. Mais do que um suplemento da História, as abordagens arqueológicas podem delinear certos padrões do comportamento passado melhor do que evidências textuais. Desta forma, correlacionando os episódios arqueológicos com os eventos históricos, é possível a formulação de cronologias absolutas para estudar os materiais (Redman, 1986: 4).

A cultura material do sítio concede aos arqueólogos informação detalhada sobre as atividades que tinham lugar em Ksar Sghir. Os objetos usados pelos habitantes fornecem um interessante vislumbre sobre o seu quotidiano, que em grande parte não surge nas fontes documentais. Tais artefactos fornecem uma ideia dos padrões estéticos da altura e da forma como estes evoluíram ao longo do tempo (Redman, 1986: 9). A presença de uma comunidade portuguesa nas praças magrebinas levou a que fossem transportados para lá objetos de uso e culto que só se fabricavam, originalmente, na Europa (Dias, 1998: 17).

Atribui-se aos séculos XII e XIV grande parte das estruturas arqueológicas militares e civis descobertas, e os mais antigos achados arqueológicos, de natureza numismática, apontam também para estas centúrias (Redman, 1986: 95, 129-130). De facto, o mobiliário descoberto em escavação é abundante e coerente, parecendo exclusivamente datado da era merínida e do longo período de ocupação portuguesa (Cressier, 2012: 67).

Sob o domínio português, Ksar Sghir teve uma ocupação de quase um século. A vila perdeu o seu papel industrial e comercial, atuando apenas como um reduto, quase alheio ao resto do país (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911). A tomada da nova praça contribuiu em muito para a segurança militar da Península Ibérica e aliviou a pressão exercida pelos muçulmanos em Ceuta (Godinho, 2018). A população portuguesa atingiu então cerca de oitocentas pessoas (Dias, 1998), e durante os 92 anos de ocupação a cidade revelou ser mais do que um entreposto militar, crescendo em ruas pavimentadas, numerosas praças e edifícios domésticos, cívicos e religiosos (Redman & Boone, 1979).

Ksar é dos únicos locais de herança portuguesa com alguma duração que chegaram aos dias de hoje como autêntico campo arqueológico (Correia, 2012: 97) – o sonho de qualquer arqueólogo, graças ao seu nível de preservação e riqueza histórica (Redman, 1986). Resultando em dois, e em alguns casos quatro níveis de ocupação sobrepostos, todos construídos sobre níveis Islâmicos anteriores, nunca foi vítima da urbanização moderna, algo tão habitual em locais medievais (Redman & Boone, 1979), o que lhe conferiu um registo arqueológico muito bem preservado.

Alcácer ocupa um lugar notável na Arqueologia marroquina, graças ao seu riquíssimo substrato histórico. O valor inegável em património coloca-o entre os locais mais soberbos do ponto de vista científico e turístico da costa mediterrânica de Marrocos (El-Boudjay, 2012: 7). O local recorda importantes momentos da história do país, constituindo uma herança comum entre as duas margens do Mediterrâneo, região que durante um longo período de tempo se tornara numa zona de empréstimo e intercâmbio cultural e humano (Alaoui, 2012).

Ksar é um lugar básico para compreender as continuidades e ruturas que as comunidades islâmicas e cristãs dos finais da Idade Média enfrentaram. Sendo também um espaço particularmente interessante para o estudo dos contextos de povoamento, tem vindo a proporcionar elementos-chave relativos às estruturas domésticas dos séculos XV-XVI, graças à excelente preservação da estratigrafia e ao facto de a vila ter sido abandonada depois da partida dos portugueses (Teixeira, 2016). A essa paragem no tempo e suas vantagens científicas se referem André Teixeira e Jorge Correia (2017: 204):

Alcácer Ceguer constitui uma oportunidade privilegiada para o estudo do impacto da apropriação cristã sobre a matriz islâmica pré-existente, possibilitando também uma aproximação ao urbanismo e vivências de um burgo português dos séculos XV e XVI cristalizado no tempo.

Segundo Maria Leonor Garcia da Cruz (1997: 131), as dificuldades enfrentadas pelos portugueses no continente africano eram, contudo, notórias e o apoio do Reino não era o bastante para as enfrentar:

(…) os lugares portugueses em África dependentes cada vez mais de abastecimentos do exterior – devido a calamidades naturais, à guerra contínua e à ameaça xerifina –, ressentem-se necessariamente das dificuldades do Reino. O monarca luta com dificuldades financeiras para saldar dívidas respeitantes a pagamentos não efetuados nos lugares setentrionais, enquanto aumentam as despesas no aprovisionamento em trigo.

Em 1543, diante das impossibilidades financeiras, não podendo o erário régio sustentar todas as posições portuguesas em Marrocos, D. João III coloca uma vez mais em questão a continuidade do domínio nas zonas mais expostas às ameaças xerifinas (Cruz, 1997: 142).

Oito anos após o abandono de Safim e Azamor, chega a decisão final de evacuar Arzila e Alcácer Ceguer – um dos pontos mais frágeis da nossa rede defensiva (Dias, 1998: 54). Ksar sofre o destino de outros portos que se encontravam nas mãos dos portugueses: autênticas fortalezas ocupadas quase inteiramente por tropas, que além de custarem imensas vidas e sacrifícios, começam a ser abandonadas uma após a outra (Michaux-Bellaire & Péretié, 1911).

Tal como Arzila, também Ksar Sghir é abandonado, na segunda semana de Julho de 1550 (Rodrigues, 1998: 167-168), no quadro de redefinição da política marroquina portuguesa, durante o governo de D. João III.

O fim da presença militar portuguesa em Marrocos abriu uma nova época nas relações entre os dois países, que normalizaram os seus contatos diplomáticos, desenvolveram o comércio e protegeram a navegação (Farinha, 1999: 79).

Deixada no século XVI, a vila não volta a ser ocupada (Redman & Boone, 1979) e o local vai sendo vítima de repetidas fases de degradação, causadas tanto por fatores humanos como naturais (El-Boudjay, 2012), ficando em evidência grande parte do estrato urbanístico e arquitetónico.

As primeiras degradações violentas a que se assiste são as produzidas pelos portugueses em 1458 (El-Boudjay, 2012: 118), aquando da ocupação do local pautada pela transformação da mesquita em igreja cristã e do hammam numa prisão, bem como pela apropriação do restante tecido urbano.

Os portugueses conservaram a estrutura urbana já existente, procedendo apenas a mudanças nas funções de cada local ou a pequenas “atualizações” do espaço. No caso das habitações, manteve-se o nível de circulação e a sua divisão interna (Teixeira, et al., 2016). Com o passar do tempo, estas casas foram modificadas pelos novos proprietários e reconstruídas de acordo com os ideais de habitação lusa (Redman, 1986: 165). Gradualmente foram moldando a cidade, adaptando-a à sua cultura e estilo de vida.

As ruínas de Ksar fornecem-nos um vislumbre da forma como se assiste a uma série de modificações, que levam à total transformação da cidade islâmica numa cidade portuguesa e europeia (Redman, 1986: 165).

As tentativas de reocupação após a partida lusa resultaram efémeras (Correia, 2014). Tal facto permitiu a conservação do último estrato de ocupação até aos dias de hoje (Cruz, 2015), originando um pertinente exemplar que reforçou o estudo do impacto português sobre a comunidade muçulmana da altura (Correia, 2014).

Portugal e Marrocos têm uma história comum bastante consistente, apesar de a presença portuguesa nunca ter sido bem aceite no país, originando ao longo dos séculos constantes pelejas entre muçulmanos e cristãos. Tendo em conta o período de permanência dos portugueses no território de Marrocos (1415-1769), a sua herança mergulha num passado longínquo que poderíamos definir como “o passado do passado” (Carabelli, 2013: 87). Esta mescla de entidades portuguesas e magrebinas confere o ímpar contraste que torna Ksar Sghir tão atraente.

Enquanto espaço de fronteira entre dois mares e dois continentes (Teixeira, 2016), Ksar Sghir mantém a singularidade que o Norte de África lhe incutiu, permanecendo como um reduto da mescla islâmica e portuguesa até aos dias de hoje.

O desenvolvimento de missões e projetos internacionais tem dinamizado muito a arqueologia de Marrocos, e de uma forma bastante relevante (Muñoz, 2008: 164). O caso específico de Ksar ilustra o crescente interesse que se tem vindo a originar em torno do sítio arqueológico e do seu valor histórico-patrimonial (Barros, 2021: 66). Atualmente, os esforços para dotar o local de meios interpretativos para o usufruto público, assim como as campanhas arqueológicas e conservativas e os estudos académicos em curso (Cruz, 2015: 67), demonstram uma clara preocupação em preservar o passado e a determinação em enfrentar as dificuldades, atuais e vindouras.

As ruínas que ainda lá permanecem testemunham claramente a sua riqueza e diversidade de património. Testemunhas de um passado antigo, islâmico e português, são justapostas para fornecer aos pesquisadores um amplo campo de estudo (Moujoud, 2012: 37).

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  1. Artigo adaptado do capítulo 2.2.3. Alcácer Ceguer da dissertação de Mestrado, O Olhar de Gomes Eanes de Zurara sobre o Norte de Marrocos: estudo da paisagem de Alcácer Ceguer (Ksar Sghir), escritra e defendida pela autora em 2021.

  2. O ano de 1769 marca o momento em que o Marquês de Pombal ordena a total retirada e abandono de Mazagão, última praça portuguesa, que na altura se encontrava cercada pelas tropas do monarca marroquino, Sidi Muhammad ben ‘Abd Allâh.

  3. O termo árabe Qsar (‘castelo’) também figura na bibliografia na forma Ksar. Surgindo, por vezes, precedido pelas partículas Al- e El-. Apresenta um grande leque de variantes, como Qsar es-Seghir, Qsar Sghir, El-Qsar Seghir, Al-Qsar Seghir, El-Qasr Seghir, Al-Qasr Seghir, Ksar Sghir, Ksar Seghir, Ksar es-Seghir, etc.

  4. Marsa bab al-yemm, Marsa al-yemm, Bab al-Ksar, Madina al-yemm, El Ksar al-awwel, Kasr Masmouda, Kasr al-majaz, Kasr al-jawaz, Ksar Seghir (Moujoud, 2012: 47-48). Moujoud (2012: 48) indica que o local provavelmente mudou de topónimo, de acordo com o papel que lhe era atribuído nas diferentes dinastias, a instalação de certas tribos, a mudança da sua importância ou talvez a ligação com outras localidades.

  5. Termo árabe que significa ‘banhos públicos’.

  6. Safim encabeçava a mais rica zona cerealífera de Marrocos e servia também como principal escoadouro do ouro das caravanas do Sudão.

  7. Filho do conde D. Pedro de Meneses, primeiro governador de Ceuta.