Maga Hat: O Facho de Donald Trump

Texto de José Eduardo Patrocínio (medium.com).

“…porque la realidad es reducible

a los últimos signos(…)”

– Rosario Castellanos, “Charla”

O que é que Karen Hanson, Larry David e Donald Trump têm em comum? Segundo Hanson, “[f]ashion can be seen to mark and help maintain class differences, to promote and enforce repellent social distinctions based on wealth, heritage, and gender.” (Hanson 108). Uma afirmação contundente sobre um tema tão inócuo como a moda. David (ou a versão ficcionada do próprio), co-criador da conhecida série Seinfeld e criador e personagem principal da série Curb Your Enthusiasm, num episódio da sua série, descobre que se usar o chapéu criado para a campanha política de Donald Trump, que ficou conhecido como MAGA Hat, consegue que algumas pessoas, com as quais ele não deseja conviver, o evitem — o que condiz perfeitamente com a sua personalidade misantrópica. Este episódio (“Happy New Year” 00:21:31–00:22:28) é apenas um exemplo da influência do chapéu MAGA na cultura americana e na paisagem sociopolítica dos Estados Unidos da América. Mas o que está por trás do mediatismo e influência de um objeto tão banal como um mero chapéu?

A importância simbólica dos chapéus na história e cultura

O uso da roupa, e nomeadamente do chapéu, como um significante remonta a tempos bastante antigos.

Depending on the period, various aspects of identity were expressed in clothing in Europe and the United States, including occupation, regional identity, religion, and social class. Certain items of clothing worn by everyone, such as hats, were particularly important, sending instant signals of ascribed or aspired social status. (Crane 1)

Na era clássica, por volta do século 5 a.C., estava na moda o chapéu Pilleus, originário na Grécia antiga usado por pessoas do sexo masculino para cobrir a cabeça. Em Roma, ganhou um novo significado: “Among the Romans the cap of felt was the emblem of liberty. When a slave obtained his freedom he had his head shaved, and wore instead of his hair an undyed pileus” (Yates 919). Tornou-se, então, um símbolo de grande importância, uma vez que representava a liberdade de uma casta oprimida da sociedade. Nas ordens religiosas, existem chapéus das mais variadas formas identificando hierarquias e ordens diferentes. Os homens judeus serão vistos a usar um Yarmulke, um Shtreimel ou um Spodik, enquanto que as mulheres usarão um Mitpaḥat ou um Tichel, dependendo da época festiva ou da vertente judaica. Na religião muçulmana os homens usarão um Kufi, um Taqiyah ou um Shemagh, conforme a região ou se são sunitas ou xiitas. As mulheres usarão um Hijab, um Al-Amira ou um Shayla. Na religião católica, um padre que esteja a dar uma missa usará um Mitra, no dia-a-dia, provavelmente, usaria um Capelo. Os Galeros, por exemplo, são exclusivos dos cardeais. No meio militar, também não faltam chapéus para identificar patentes e os respetivos ramos (marinha, exército, e força aérea).

A importância simbólica dos chapéus na história e cultura dos EUA

Nos Estados Unidos da América, os chapéus têm tido um papel fundamental ao longo dos anos. Durante a guerra civil americana, seria fácil identificar o lado pelo qual uma pessoa combatia através do seu chapéu. O Hardee Hat ficou um marco na história dos EUA e era associado à fação norte, sendo que uma das brigadas, a Iron Brigade, ficou também conhecida como The Black Hats Brigade, precisamente por usar o Hardee. Já na fação sul, seria mais provável usarem o Planter hat, uma vez que este chapéu era mais associado à agricultura. Outro chapéu que marcou a história dos Estados Unidos foi o chapéu de Cowboy. Este chapéu teve origem no México, mas foi no Wild West que ganhou a sua notoriedade impulsionada por celebridades como John Wayne, Clint Eastwood e Ronald Reagan.

Chegamos, por fim, ao tipo de chapéu em questão — o chapéu de Baseball. Inicialmente, os primeiros jogos de Baseball não contaram com este chapéu, mas sim com uma versão rudimentar feita de palha. Uma das equipas responsáveis por esta mudança foram os Knickerbockers, que fizeram a mudança dos chapéus de palha para chapéus de lã. No início, o chapéu surgiu para proteger os jogadores do sol, mas rapidamente foi ganhando outro significado: “(…) The cap’s usefulness and brandability would turn it into perhaps America’s greatest fashion export, changing the way people dress in every country of the world. (…)” (Lingan). Com as coberturas televisivas dos jogos de Baseball, o chapéu ganhou um novo público e no fim da 2ª Guerra Mundial, cada equipa já tinha o seu próprio chapéu.

In the 1960s and ’70s, agricultural companies began embellishing their foam-front hats with company logos and cheap, plastic adjustable straps. In the 1980s, (…), the company that had supplied Major League Baseball for decades, started selling authentic team-branded hats to fans. (Lingan)

Com o auxílio de grandes celebridades, o chapéu ganhou uma estatura omnipresente e tornou-se no fenómeno que é hoje.

Tom Selleck’s character in “Magnum, P.I.,” set in Hawaii, wore a Tigers hat. (…)Princess Diana, whose occasional appearance in jeans and a baseball cap helped nurture her reputation as the “people’s princess”: It signaled approachability, even for a royal. (…) Paul Simon, one of the most successful pop musicians of the last 50 years, [was] inseparable from (…) caps(…). No stuffy art-world or rock-star glamour here, the hats say. These are millionaires you could have a beer with. (Lingan)

Fica por responder a seguinte pergunta: Porque é que um simples chapéu tem a capacidade de tornar uma figura mediática e milionário num Average Joe com quem podemos beber uma cerveja?

O poder do chapéu como signo cultural e mediador de relações sociais

Roland Barthes, em The Fashion System, escreve:

real clothing always includes a descriptive element, insofar as every function is at least a sign of itself; blue jeans are useful for working, but they also “say” work, a raincoat protects from the rain, but it signifies rain as well. This movement of exchange between function and sign (at the level of reality) can probably be found in a large number of cultural objects (…). In fact, as soon as a norm of fabrication takes over a function, this function enters with this norm into the relation between an event and a structure, and every structure implies a differential system of forms (units): the function becomes readable, and no longer merely transitive; thus no normalized (standardized) object is entirely exhausted by a pure praxis: every object is also a sign. (Barthes 264)

Para Barthes, a moda é um sistema de signos que está em constante evolução e mudança. Não é simplesmente um reflexo dos valores sociais e culturais existentes, mas desempenha um papel ativo na sua formação. Neste sentido, a moda não é apenas um meio de autoexpressão ou estilo pessoal, mas uma força cultural que molda a forma como nos entendemos e aos outros. A moda e, neste caso particular, o chapéu é um signo, uma imagem que tem um poder transcendente. É uma imagem mediadora de relações sociais, culturais e económicas. Ele transcende sua função prática de proteção da cabeça contra o sol ou o frio, e torna-se um signo que comunica um conjunto de valores, códigos e significados. Ao usar um chapéu, transmitimos uma mensagem sobre quem somos, qual é o nosso estilo de vida, o nosso status social, cultural, político, religioso, económico, entre outros.

Guy Debord, no seu livro A Sociedade do Espetáculo, diz que o espetáculo é uma relação social entre pessoas mediada por imagens (Debord, 1967). O chapéu é também um objeto do espetáculo, na medida em que é uma imagem mediadora de relações sociais entre as pessoas. Ao usarmos um chapéu, participamos num jogo de significados que envolve a nossa relação com os outros. Debord argumenta ainda que dentro do espetáculo é mais difícil, e até mesmo impossível, que um indivíduo se consiga compreender a si próprio “The more he contemplates the less he lives; the more he accepts recognizing himself in the dominant images of need, the less he understands his own existence and his own desires” (Debord 31). A individualidade desaparece e surge um elemento mais vasto. 72 anos antes de Debord, Gustave Le Bon apelidou este elemento de Crowd ou multidão. Le Bon sugere que quando as pessoas se reúnem numa multidão, a sua individualidade e as suas personalidades deixam de ser tão importantes. Em vez disso, juntam-se para criar uma mentalidade coletiva. A dinâmica de grupo pode fazer com que os indivíduos se sintam poderosos e confiantes, levando-os a envolverem-se em comportamentos que poderiam não considerar se estivessem sozinhos. Uma vez criada uma mente coletiva, é muito mais fácil influenciar uma multidão (Le Bon, 1895). Le Bon escreve também que as multidões são incapazes de compreender uma linha de raciocínio lógico o que as impossibilita de produzir um pensamento crítico e de discernir a verdade da mentira. Como tal, os argumentos apresentados às multidões devem ser baseados em imagens vívidas e ideias extremas para as influenciar. “Crowds being only capable of thinking in images are only to be impressed by images. It is only images that terrify or attract them and become motives of action.” (Le Bon 30) O chapéu, como uma imagem vívida, pode ser usado para influenciar as multidões de forma eficaz, principalmente se aliado à imagem estiver uma ideia. Através do uso de um chapéu, uma figura mediática pode tornar-se um ícone e influenciar uma multidão de pessoas, transmitindo a sua mensagem de forma clara e eficaz.

As ideias da mensagem devem basear-se em três princípios: afirmação, repetição e contágio.

When, however, it is proposed to imbue the mind of a crowd with ideas and beliefs — with modern social theories, for instance — the leaders have recourse to different expedients. The principal of them are three in number and clearly defined — affirmation, repetition, and contagion. Their action is somewhat slow, but its effects, once produced, are very lasting. (Le Bon 52)

O estudo do chapéu como objeto cultural vale a pena explorar porque serve de mediador entre relações sociais. Como Roland Barthes sugere, a moda não é simplesmente um reflexo dos valores sociais e culturais existentes, mas uma força ativa na sua formação. O chapéu, como signo, comunica um conjunto de valores, códigos e significados para além da sua função prática. É um objeto que medeia as relações sociais entre as pessoas e pode ser utilizado para influenciar multidões com ideias e crenças. Assim, o chapéu pode e deve ser visto como um objeto cultural que tem um poder transcendente e um significado para além do seu propósito prático.

O objeto em análise neste trabalho é um exemplo claro de uma imagem que contém uma ideia. Um chapéu vermelho de Baseball com o mote Make America Great Again. Para entendermos como é que este artefacto ganhou a notoriedade que ainda prevalece, poderemos primeiro estudar as suas origens.

MAGA hat: o fenómeno psicológico

Em 2016, o segundo mandato do presidente Barack Obama estava prestes a terminar e tomou lugar a corrida à Casa Branca, liderada por Donald Trump, representante do Grand Old Party, e Hillary Clinton, antiga secretária de estado e a nomeada do partido democrata. Donald Trump ressuscitou o slogan “Make America Great Again”. Este termo fora usado pela primeira vez, em setembro de 1940, pelo senador republicano Alexander Wiley no 76º congresso dos EUA. Na década de 80, Ronald Reagan resgatou o termo durante a sua campanha presidencial e, 10 anos mais tarde, Bill Clinton também se apropriou da frase. Em 2012, após a segunda vitória de Barack Obama e quatro anos antes das eleições de 2016, Donald Trump formula um pedido perante o U.S. Patent and Trademark Office para patentear o termo, que foi aceite em 2015.

A mensagem é clara ainda que vaga. MAGA, propõe que a America já foi, em tempos, great. Claramente, Donald Trump não se está a referir aos tempos pré Mayflower (ainda que, assim, talvez tivesse razão). Não sabemos a que tempos se refere. Wiley, Reagan e Clinton já haviam expressado esse desejo pelo que, talvez, também não seja a essas épocas que Trump se refere. No entanto MAGA surtiu efeito. O termo foi apropriado pelos apoiantes (o seu sentido vago permite agregar várias pessoas diferentes) e entrou no cânone político dos EUA. Robin Givhan escreveu no Washington Post: “The acronym reads like a guttural cry. An angry roar. MAA-GAA!”. MAGA deixou de ser uma simples frase e tornou-se na ideia extrema para a qual Le Bon alertava, cumprindo com os três princípios identificados pelo mesmo: afirmação, repetição e contágio. MAGA transcende o indivíduo e cria uma tribo, motivada por sentimentos de pertença, nostalgia e propósito. Quando associado ao boné, o slogan ganha uma nova vida. Quem o usa passa a fazer parte de um clube. Quem usa um chapéu de Baseball dos New York Yankees é reconhecido por ser apoiante do clube, e se um desconhecido se cruzar com essa pessoa, e também for apoiante do clube, vai instintivamente sentir empatia com a pessoa. O contrário também é verdade. Em 2009, o professor William Swann escreve Identity Fusion: the interplay of personal and social identities in extreme group behaviour, onde apresenta pela primeira vez a teoria de Fusão de Identidade — um tipo de ligação de grupo altamente intenso, fazendo com que a linha entre a identidade pessoal de um indivíduo e a sua identidade dentro do grupo se desfaça. Isto significa que os aspetos pessoais e sociais do eu se fundem. A Dra. Martha Newson acolhe a teoria, mas vai mais longe escrevendo:

Fusion theory would suggest that fans who are happy to wear a team shirt, sing team chants and watch games are experiencing a different psychological phenomenon in relation to those fans who in addition to such behaviours, engage with feelings of deep personal investment, self-sacrificial behaviour and extreme pro-group endorsement. (Newson 6)

Na verdade, um clube não funciona sem um rival, e inerente ao apoio, está a rivalidade. O chapéu MAGA é um semi artefacto de guerra, é a representação do nós vs eles. Newsom escreve ainda:

If violence among extreme fans is driven by fusion, we would expect it to be discriminatory and triggered by the presence of a group threat, i.e. fusion-driven violence will be targeted at specific outgroups (e.g. rival fans) (in Fredman et al., 2017). Indeed, recent research has shown that for fused Brazilian [soccer fans], violence is directed specifically toward rival fans rather than general fans or the police. (Newson 7)

Esta dinâmica de rivalidade e hostilidade é a essência do movimento MAGA. Ao promover a noção de que a América precisa de ser “Great Again”, está implícita a ideia de que algo foi perdido no passado, logo alguém tem de ser responsabilizado — o clube rival.

One psychological theory suggests when we perceive that our group is in direct competition with another, especially over a limited resource, we are likely to experience hostility toward members of that group. For instance, if we (people of the host country) are financially struggling and think that immigrants are contributing to the economy only by taking our jobs — as Donald Trump suggests and his supporters seem to believe — we feel hostile toward immigrants. (Emamzadeh)

A comparação entre MAGA e um clube é uma “maravilha fatal”[1]. O slogan do MAGA, tal como o lema de um clube, define quem está dentro e quem está fora do grupo. O chapéu vermelho com as letras brancas sinaliza pertença e lealdade, tal como o uniforme de um clube. A mentalidade “nós contra eles”, como as rivalidades de um clube, cria um sentido de comunidade através da oposição a um inimigo comum. Além disso, a intensidade emocional e a irracionalidade das rivalidades do clube são espelhadas na lealdade ao movimento MAGA em relação aos inimigos.

Conclusão

Em Walden, Thoreau deixa uma chamada de atenção: “I say, beware of all enterprises that require new clothes, and not rather a new wearer of clothes.”(Thoreau 20) Os EUA não precisam de “new clothes”, mas sim de “new wearer of clothes”. A ideia de grandiosidade da América é um conceito tão interessante quanto inútil enquanto continuar a ser visto como um elemento do passado. Langston Hughes exprimiu-o da melhor maneira possível:

“let America be America again —

The land that never has been yet” (Hughes, lines 62–63).

A América ainda não foi great, porque falhou precisamente perante os seus ideias fundamentais: “We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.”, como escrito em 1776 na Declaração da Independência. Os EUA precisam, urgentemente, de “new wearer of clothes” que estejam dispostos a cumprir com o princípio estabelecido na Declaração da Indepedência, promovendo a igualdade e a justiça para todos e todas independentemente do género, etnia, religião e orientação sexual.

O MAGA hat, como exemplo de “new clothe” cumpriu a sua missão ao contrário. Mostrou exatamente o porquê de a América não ser grande e contribuiu para que esse alvo ficasse ainda mais longe. Acentuou a divisão política já existente e fragilizou a credibilidade democrática dos Estados Unidos. A sua grande popularidade assentou na sua vertente clubística e tribal apelando à fragilidade e necessidade de pertença e orientação daqueles que o usam e tornou-se um símbolo da retórica de exclusão e divisão.

[1] O termo maravilha fatal foi usado por Camões para se referir a D. Sebastião, apropriando-se do termo usado por Horácio para se referir a Cleópatra. No entanto, o termo original era “fatale monstrum”. Ou seja, por trás da maravilha indicada por Camões estava um monstro.

Trabalhos Citados

Crane, Diana. Fashion and Its Social Agendas: Class, Gender, and Identity in Clothing. University of Chicago Press, 2000.

Emamzadeh, Arash. “The Psychology of ‘Us-vs-Them.’” Psychology Today, Sussex Publishers, 9 Aug. 2019, https://www.psychologytoday.com/intl/blog/finding-new-home/201908/the-psychology-us-vs-them.

Givhan, Robin. “Perspective | the MAGA Hat Is Not a Statement of Policy. It’s an Inflammatory Declaration of Identity.” The Washington Post, WP Company, 16 Aug. 2019, https://www.washingtonpost.com/lifestyle/style/the-maga-hat-is-not-a-statement-of-policy-its-an-inflammatory-declaration-of-identity/2019/01/23/9fe84bc0-1f39-11e9-8e21-59a09ff1e2a1_story.html.

Hanson, Karen. “Dressing down Dressing up — The Philosophic Fear of Fashion.” Hypatia, vol. 5, no. 2, 1990, pp. 107–21. JSTORhttp://www.jstor.org/stable/3810159.

Hughes, Langston. “Let America Be America Again.” Poets.org, Academy of American Poets, https://poets.org/poem/let-america-be-america-again.

Le Bon, Gustave. “Chapter 3.” The Crowd : A Study of the Popular Mind, International Relations and Security Network, https://www.files.ethz.ch/isn/125518/1414_LeBon.pdf.

Lingan, John. “How the Baseball Cap Went From Athletic Gear to Fashion Statement: A Tip of the Cap to the Nation’s Crowning Accessory.” Smithsonian Magazine, Apr. 2021, https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/history-baseball-cap-180977162/.

Newson, Martha. Football, Fan Violence, and Identity Fusion. International Review for the Sociology of Sport, 18 Sept. 2017, https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1012690217731293.

Smith William et al. A Dictionary of Greek and Roman Antiquities. 3d ed. rev. and enl ed. J. Murray 189091.

Thoreau, Henry David. “Economy.” Walden: or Life in the Woods, The Internet Bookmobile, 1985, p. 20.