Identidade de Género e Conformidade: Aspectos Psicológicos, Intervenções e Psicoterapia

Esta revisão sistemática da literatura foi realizada com recurso às bases de dados Web of Knowledge & Web of Science (Social Sciences Index Expanded, Social Sciences Citation Index, Medline). Pesquisámos artigos publicados entre 1980 e 2020, cruzando as palavras-chave “identidade de género”, “perturbação identidade género”, e “disforia de género” com as palavras chave “aspectos psicológicos”, “intervenção psicológica”, e “psicoterapia”. O objetivo foi identificar os principais construtos psicológicos associados à não conformidade de género e nomear as conclusões dos estudos apresentados em termos de práticas psicológicas. Da pesquisa resultaram 1128 referências, tendo sido selecionados 43 artigos. Este estudo possui implicações para a análise das dificuldades associadas à não conformidade de género, bem como para as boas práticas da psicologia e psicoterapia associadas ao bem estar subjectivo e melhoria da qualidade de vida dos indivíduos que sintam não conformidade com o sexo biológico atribuído à nascença. Palavras-chave: não conformidade de género, aspectos psicológicos, intervenção psicológica, psicoterapia. Imagem de capa: Getty Images, via thewaddle.com. Revisão de Ana Sérgio.

Introdução

Embora distintos, o sexo atribuído à nascença e a identidade de género encontram-se bastante interligados (Spivey & Edwards-Leeper, 2019). Por sexo entendemos um conjunto de características biológicas, anatómicas, genéticas e reprodutivas, a que chamamos de feminino ou masculino /mulher ou homem (Macedo, 2018; Spivey & Edwards-Leeper, 2019), e por identidade de género, o conceito reconhecido na comunidade científica em meados do século XX, traduzindo-se num conjunto de características sociais, culturais, psicológicas e comportamentais associadas ao modelo feminino e masculino, ou seja, a maneira como entendemos a vivência interna e individual de cada um de nós face ao nosso corpo, expressões de género, e a todos os nossos comportamentos e manifestações individuais e sociais (Macedo, 2018). Macedo (2018) refere que a identidade de género não tem que corresponder ao sexo biológico designado à nascença, e, de igual forma, não tem que haver uma relação entre identidade de género e orientação sexual. Neste sentido, os autores Spivey & Edwards (2019) indicam que a identidade de género é a percepção cognitiva interna que a pessoa tem de si como feminina, masculina ou pertencendo a outro género.

A identidade de género pode ser designada como cisgénero (“cis”), quando as pessoas se identificam com o sexo e o género designados à nascença (Macedo, 2018), ou transgénero (“trans”), quando não há esta identificação. As recentes alterações de nomenclatura — desde perturbação de género, disforia de género, inconformidade de género — objectivam a despatologização das pessoas sob esta tipologia. Ser transgénero é assim pertencer a uma categoria ampla que inclui diferentes identidades e expressões de género, sendo esta diferente do género e sexo atribuído à nascença (Macedo, 2018).

Em 2012, a World Professional Association for Transgender Health (WPATH) refere que a não conformidade de género, se associada ao grau em que a identidade de género da pessoa, o papel, ou a expressão, difere do que foi culturalmente prescrito para pessoas de um determinado sexo e género, e deve ser entendida como uma expressão da diversidade de identidade de género humana, por oposição à disforia de género — esta, caraterizada por um mal estar acentuado, um desconforto ou stress sentido, que resulta da diferença entre a identidade de género e o sexo e género atribuído à nascença. É oportuno assim referir que nem todas as pessoas em não conformidade de género vão sentir disforia de género. Apesar dos avanços categóricos efectuados, a terminologia utilizada, ou seja, a forma de designar esta não conformidade per si, pressupõe alguma discriminação.

Em termos de diagnóstico, a disforia de género (no passado, transtorno da identidade de género) é vista como sendo patológica (OMS-Organização Mundial de Saúde e APA-American Psychiatric Association; APA, 2014; OMS, 2008). Sabemos hoje que as primeiras intervenções com pessoas transsexuais datam do inicio do século XX e dizem respeito às intervenções na área das terapias hormonais de substituição e de cirurgia de afirmação de género, tendo estas ganho maior visibilidade na década de sessenta e setenta (Macedo, 2018). De acordo com esta ideia, sabemos que as organizações internacionais fizeram vários ajustes às suas classificações. As primeiras publicações da (OMS) ICD-6 e 8, publicadas a 1948 e 1955, bem como as versões do DSM (APA) de 1952 e 1968, não fizeram quaisquer referência a este assunto (Macedo, 2018). O ICD 9 e 10 (1975 e 1990 respectivamente), introduzem o diagnóstico de travestismo e transsexualismo e alterações da identidade de género (transexualismo, dual role travestismo, alterações da identidade de género na infância, outras alterações da IG, alterações da IG não especifica). Em 1980, o DSM-III introduz o diagnóstico de alteração da identidade de género em crianças adolescentes e do adulto e transsexualismo, incorporando, na sua versão revista de 1987, uma nova categoria de diagnóstico de alteração da identidade de género do adolescente e do adulto, de tipo não transexual (Macedo, 2018). Em 1994 (DSM-IV) e em 2000 (DSM-IV-R), surgem respectivamente as categorias de diagnóstico, alteração da identidade de género e disforia de género. Em 2011, um estudo de revisão sistemática da literatura indicou uma prevalência de transexualidade em adolescentes e jovens adultos que poderia oscilar entre os 0.17% e os 1,3% (Spivey & Edwards-Leeper, 2019). Em 2017, a Dinamarca foi o primeiro país a despatologizar a transexualidade, não sendo por si critério para diagnóstico em saúde mental (Macedo, 2018).

O nosso estudo pretende dar maior visibilidade e abrangência ao tema, tendo em consideração a principal terminologia usada em termos de não conformidade de género (perturbação & disforia de género) e permitir uma melhor compreensão da forma como as variáveis identificadas apresentam maior ou menos risco para a saúde física e mental das pessoas transgénero. O estudo resulta do conhecimento existente na literatura científica que identifica a importância do estudo das variáveis; a) aspectos psicológicos (Brinkmann, Schweizer & Richter-Appelt, 2007; Cohen-Kettenis, Steensma, Vries, 2011; Schwarts, 2012; Ristori & Steensma, 2016; Russel & Fish, 2016; Sierra, 2018; Baetens & Dhondt, 2020); b) intervenção psicológica (Coolhart, Baker, Farmer, Malaney & Shipman, 2013; Rodriguez-Molina, Becerra-Fernandez, & Lucio-Perez, 2015; Matsuno, 2019; Spivey, Edwards-Leeper, 2019); c) e psicoterapia (Meyenburg, 1999; Stephanie, 2013; Déttore, Ristori, Bandini, Fisher, Villani, Vries et al., 2015; Nicholas, 2016; Rauchfleish, 2017; Barbisan, Moura, Lobato & Rocha, 2019; Chen, Bayd, & Cunningham, 2020), em pessoas transgénero.

Objectivamos dar um contributo parco no sentido da despatolozigação da não conformidade de género, através da confluência dos diferentes resultados, assumindo que a sua divulgação poderá ser um contributo para a despatologização, bem como um facilitador de uma integração mais ampla destas pessoas no tecido social. Com o aumento do número de estudos realizados, a maior visibilidade do tema e a linha cronológica da patologização da transexualidade (nesta ideia de não conformidade), propomos fazer o levantamento dos artigos publicados na Web of Science entre 1980 e 2020, de molde a averiguar questões da não conformidade de género, tendo em atenção a nomenclatura “identidade de género”, “perturbação identidade género”, e “disforia de género”, e os aspectos psicológicos, intervenções psicológicas e psicoterapia. A nossa abordagem permitirá recolher e quantificar informação relacionada com a relação que se estabelece entre identidade de género, perturbação da identidade de género e disforia de género, e aspectos psicológicos, intervenção psicológica e psicoterapia. Pretendemos agregar e organizar a informação disponível sobre efeitos sentidos face à descriminação, tendo em conta o distress sentido e as consequências do mesmo para as pessoas transgénero, de igual forma recolher e aglomerar a informação disponível sobre o apoio psicológico e as psicoterapias, identificando as vantagens e desvantagens das mesmas. Esperamos assim poder desmistificar e clarificar algumas questões associadas à dificuldade sentida pelas pessoas cuja identidade de género seja diferente da do binómio feminino/masculino.

Uma vez que não foram encontradas revisões sistemáticas da literatura com estas variáveis, o nosso estudo tem um objectivo exploratório. Nesta revisão sistemática apresentamos as seguintes secções:

1-Métodos e procedimentos sobre a seleção de estudos

2- As principais variáveis estudadas,

3-Analise cronológica de publicações

4-Principais resultados e conclusões dos estudos

5-Conclusão, aplicações académicas, limitações, e sugestões para estudos futuros

1 – Método e procedimento sobre a seleção dos estudos

https://www.focusonthefamily.com/parenting/helping-kids-recognize-the-myths-of-gender-identity-and-transgenderism/

Nesta revisão sistemática da literatura, realizada nos meses de fevereiro e abril de 2021 (para artigos publicados entre 1980 e 2020), a partir da base de dados Web of Knowledge & Web of Science (Social Sciences Index Expanded, Social Sciences Citation Index, Medline), cruzamos as palavras “identidade de género”, “perturbação identidade género”, e “disforia de género” com as palavras chave “aspectos psicológicos”, “intervenção psicológica” e “psicoterapia”.

Com a evolução das nomenclaturas usadas pela Organização Mundial da Saúde, através do uso da Classificação de transtornos mentais e do comportamento, sendo a última versão a CID-10, e pela American Psyquiatric Association, como última versão o DSM-V, achamos pertinente fazer um levantamento de referências o mais abrangente possível, conquanto não fosse enviesada pelo uso de nomenclatura especifica da época da publicação desses mesmos estudos.

Para o efeito foram comtemplados os seguintes critérios de inclusão: (a) estudos que analisaram a temática da perspectiva das pessoas transgénero; (b) estudos que analisaram a temática identificada da perspectiva de variável dependente e independente face aos constructos indicados; (c) estudos onde os constructos foram avaliados usando questionários validados para o efeito e de acordo com teorias subjacentes; (d) estudos qualitativos ou de revisão de literatura suportados em teorias subjacentes que incluam a informação necessária para que sejam avaliados; (e) estudos que abordem no contexto das diferenças de identidade de género as variáveis “aspectos psicológicos”, “intervenção psicológica” e “psicoterapia”.

De igual forma, os critérios de exclusão foram: (a) estudos sobre a temática dos aspetos psicológicos, intervenção psicológica e psicoterapia em populações diferentes das que se pretende estudar; (b) estudos cujo foco seja a intervenção medico-farmacológica e não psicológica; (c) estudos não empíricos; d) estudos que abordem as questões da psicoterapia da perspectiva dos profissionais ou dos familiares e não dos utentes; e) estudos que sendo sobre a temática, abordem a construção de instrumentos ou escalas de avaliação dos constructos.

Com base no título e no resumo, foram recolhidas 1128 referências. Na tabela 1 é possível consultar as referências obtidas por cruzamento de variáveis. Posteriormente e com base no titulo, resumo e aplicação dos respectivos critérios, foram selecionados 141 estudos. Destes, e após uma leitura mais extensiva, foram eliminados os estudos repetidos e que não reuniam os critérios identificados. No final, ficamos com um número de 43 artigos. Estes foram categorizados por autor, data de publicação, conceitos organizados e principais conclusões obtidas.

1 – Número de cruzamentos e de referências obtidas

Tabela 1 – Estudos que resultam do cruzamento das seguintes variáveis

Variáveis

Cruzamentos

Nº de referências

Identidade de género

Aspectos psicológicos

240

Intervenção psicológica

317

Psicoterapia

239

Perturbação da identidade de género

Aspectos psicológicos

56

Intervenção psicológica

85

Psicoterapia

73

Disforia de género

Aspectos psicológicos

25

Intervenção psicológica

42

Psicoterapia

50

Total

 

1128

Nota. a Número total de referências.

2 – As principais variáveis estudadas

Com base na janela temporal que nos propusemos estudar (1980-2020), com o enfoque nos 43 artigos selecionados, foi efectuado um levantamento das principais variáveis glosadas, e nesse sentido identificados os seguintes resultados:

a) Intervenções psicológicas (12 estudos); b) estigma e descriminação nas minorias sexuais de género (11 estudos); c) padrões de vinculação em adultos com disforia de género (1 estudo); d) problemas comportamentais e emocionais em jovens e adolescentes com disforia de género (1 estudo); e) satisfação corporal e satisfação física em adolescentes e adultos com disforia de género (3 estudos); f) ideação suicida e risco de suicídio em pessoas transgénero (6 estudos); g) bem estar psicológico e saúde psicológica (4 estudos); h) estigma, exclusão social e distress (1 estudo); i) Transfobia internalizada (3 estudos); j) intimidade em indivíduos com disforia de género (1 estudo).

Com base nos estudos recolhidos, e na informação disponibilizada, concluímos que os temas mais estudados foram: estigma e descriminação nas minorias de género (11 estudos), intervenções psicológicas (12 estudos) e ideação suicida e risco de suicídio em pessoas transgénero (6 estudos).

Na Tabela 2, encontramos os estudos identificados nas principais categorias visadas: estigma e descriminação nas minorias de género (11 estudos), intervenções psicológicas (12 estudos) e ideação suicida e risco de suicídio em pessoas transgénero (6 estudos).

Tabela 2 – As variáveis mais estudadas e os estudos onde aparecem

Nº de estudos

Variáveis

Referências

11

Estigma e descriminação nas minorias sexuais de género

Catelan, R., Costa, A., & Lisboa, C. (2017); Chakrapani, V., Vijin, P., Logie, C., Newman, P., Shunmugan, M., Sivasubramanian, M., & et al.. (2017); Jaggi, T., Jellestead, L., Corbisiero, S., Schaefer, D., Jenewein, J., Schneeberger, A., & et al. (2018); Cemile, B., Hulya, B; Ozgu, U., Ozge, S, Sevil, Y & Sevim, B. (2019); Witcomb, J., Claes, L., Bouman, W., Nixon, E., Motmans, J., & Arcelus, J. (2019). Lefevor, G., Boyd-Rogers, C., Sprague, B., Janis, R. (2019); Verbeek, M., Hommes, M., Stutterrheim, S., Van Lankveld, J., & Bos, A. (2020); Marino, E., & Mollo-Torrico, J (2020); Dominguez-Martínez, T., Rebeca, R., Frésan, A., Cruz, J., Vega, H., & Reed, G. (2020).; Yi, S., Chann, N., Chhoun, P., Tuot, S., Mun, P., & Brody, C. (2020); Valente, P., Schrimshaw, E., Dolezal, C., Leblanc, A., Singh, A., & Bockting, W. (2020).

12

Intervenções Psicológicas

Costa, R., Dunsford, M., Skagerberg, E., Holt, V., Carmichael, P., & Colizzi, M. (2015); Applegarth, G., & Nutall, J. (2016); Rodriguez, M., Mora, P., & Sánchez, E. (2017); Perry, N., Chaplo, S., & Baucom, K. (2017); Bartholomew, T., Gunde, B., Sullivan, J., Pérez-Rojas, A., & Lockard, A. (2018); Briggs, P., & Changaris, M. ( 2018); Wright, T., Candy, B., & King, M. (2018); Scandura, C., Mezza, F., Maldonato, N., Bottone, M., Bottone, M., Bochicchio, V., & et al. (2019); Mayer, T., Koehler, A., Eyssel, J., & Nieder, T. (2019); Pachankis, J., McConocha, E., Clark, K., Wang, K., Behari, K., Fetzner, B, et al (2020); Pachankis, J. E., Williams, S. L., Behari, K., Job, S., McConocha, E. M., & Chaudoir, S. R. (2020); Hollinsaid, N., Weisz, J., Chorpita, B., Skov, H., & Price, A. (2020).

6

Ideação e risco de suicídio

Sutter, M., & Perrin, P. (2016); Klein, A., Golub, S. (2016); Tebble, E., & Moradi, B. (2016); Grossman, A., Park, J., & Russell, S. (2016); Wolford-Clevenger, C., Frantell, K., Smith, P., Flores, L., & Stuart, G. (2018); Maksut, J., Sanchez, T., Wiginton, J., Scheim, A., Logie, C., Zlotorznska, M., & et al. (2020).

3-Análise cronológica de publicações

Com base na análise cronológica das variáveis estudadas, e ainda na janela temporal que pretende abarcar um espectro mais alargado de tempo (de forma a englobar as diferentes alterações nas classificações Internacionais de Saúde Mental – DSM & ICD), verificamos que apesar da importância do tema, só recentemente se começou a dar-lhe alguma importância (tabela 3), sendo as variáveis mais estudadas o estigma e descriminação e ainda as intervenções psicológicas.

Desta forma, e apesar da premência do tema, com base nos resultados encontrados podemos afirmar que o conhecimento científico disponível, na área da Identidade de género em não conformidade, é escasso, o que pode contribuir para maior desinformação e menor acuidade na aplicação das técnicas de apoio psicológico.

Tabela 3 – Análise cronológica das variáveis estudadas

Ano publicação

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

1

1

2014

1

2015

1

2016

1

1

4

2017

2

2

2018

3

1

1

1

1

1

2

2019

2

3

1

1

2020

3

5

1

1

2

Total artigos

12

11

1

1

3

6

4

1

3

1

Legenda: A) intervenções psicológicas (12 estudos); B) estigma e descriminação nas minorias sexuais de género (11 estudos); C) padrões de vinculação em adultos com disforia de género (1 estudo); D) problemas comportamentais e emocionais em jovens e adolescentes com disforia de género (1 estudo); E) satisfação corporal e satisfação física em adolescentes e adultos com disforia de género (3 estudos); F) ideação suicida e risco de suicídio em pessoas transgénero (6 estudos); G) bem estar psicológico e saúde psicológica (4 estudos); H) estigma, exclusão social e distress (1 estudo); I) Transfobia internalizada (3 estudos); J) intimidade em indivíduos com disforia de género (1 estudo).

4 – Principais resultados e conclusões dos estudos

Eddie Izzard, comediante transgénero: cartaz de Live at Madison Square Garden.

Dos 43 estudos identificados, podemos consultar na tabela 4 as amostras e a metodologia usada, bem como os principais resultados a que cada estudo chegou.

Tabela 4 – Referências, amostras, metodologias e principais resultados dos estudos encontrados

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Steensma, T., Zucker, K., Kreukels, B., & Cohen-Kettenis, P. (2013)

728 pessoas com D.G. (544 crianças e 174 adolescentes)

Estudo experimental Estatística descritiva Teste CHI square

Regressão logística

Anova e ancova

No relatório dos professores, os adolescentes com D.G. apresentaram mais problemas emocionais e comportamentais do que as crianças. Rapazes com D.G. à nascença desenvolvem relações mais fracas com os grupos de pares e mais problemas de internalização do que de externalização quando comparados com raparigas com D.G. à nascença

Baams, L., Beeck, T., Hilie, H., Zevenberg, F., & Bos, H. (2013)

106 trans femininos e 86 masculinos

jovens adultos

Estudo experimental Analises de mediação

A não conformidade de género é preditora de níveis baixos de bem estar psicológico. Mal estar psicológico está relacionado com experiencias percebidas de estigmatização

Cerwenka, S., Nieder, T., Briken, P., Cohen-Kettenis, P., Cupere, G., Haraldsen, I., & Kreutels, B., & et al. (2014)

168 indivíduos com D.G. (M para F e F para M) adultos

Estudo experimental

Testes não paramétricos (chi-quadrado e coeficiente de contingência)

Teste Mabb-Whitney U

Teste

Kruskal-Wallis H

M para F encontraram parceiras femininas (androfilicas) orientadas sexualmente para homens o que não complementa a sua identidade feminina. F para M encontraram parceiras mais femininas no sentido de complementar a sua identidade masculina. Em ambos os géneros, constelações de parceiras complementares associaram-se a maior evitamento sexual de experiências sexuais e uma experiência sexual mais negativa

Costa, R., Dunsford, M., Skagerberg, E., Holt, V., Carmichael, P., & Colizzi, M. (2015)

201 adolescentes com D.G

Estudo longitudinal Estatística descritiva

Valores P

Os resultados indicam que os adolescentes melhoram o funcionamento geral depois de 6 meses de apoio psicológico. Quando o apoio psicológico se associa de supressão hormonal o resultado é melhor do que quando só há aconselhamento psicológico

Grift, T., Cohen-Kettenis, P., Steensma, T., Cuypere, G., Richter-Appelt, H., Haraldsen, I., & et al (2016)

660 adultos P.I.G.

Estudo experimental Estatística descritiva Correlações

Anova

Análise de regressão

Indivíduos com P.I.G. rapariga-para-rapaz apresentam uma imagem corporal mais positiva do que indivíduos P.I.G rapaz-para-rapariga. Para além da insatisfação genital, áreas problemáticas para rapaz-para-rapariga são a postura, cara e cabelos enquanto que, por oposição, raparigas-para-rapaz apresentam maior insatisfação com a área do peito. Os resultados indicam que maior incongruência com a aparência física resulta em maiores dificuldades psicológicas de adaptação e maior exposição face à discriminação e estigmatização.

Sutter, M., & Perrin, P. (2016)

200 pessoas lésbicas, gay, bissexuais, transgender e queer adultos

Estudo experimental

Modelo de equações estruturais

Descriminação com base nos critérios da amostra exerce um efeito indireto na saúde mental e na ideação suicida. Os efeitos da descriminação na saúde mental podem ser uma área chave para reduzir a ideação suicida na população lésbicas, gay, bissexuais, transgender e queer

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Klein, A., Golub, S. (2016)

3458 indivíduos trans ou em não conformidade de género. adultos

Estudo exploratório Estudo quantitativo Regressões logísticas multivariadas

42,3% da amostra reporta tentativas de suicídio e 26,3% uso de álcool e drogas para fazer face à discriminação relacionada com a I.D.. A rejeição familiar relacionada com a I.D. é um stressor interpessoal que poderá afetar negativamente a saúde dos transgénero e daqueles em não conformidade a identidade de género

Tebble, E., & Moradi, B. (2016)

335 indivíduos trans com diversas identidades de género- adultos

Estudo experimental

Modelos de equações estruturais

A depressão é mediadora total da relação entre experiências percebidas de discriminação, medo de estigma anti-trans e suporte dos amigos com risco de suicídio. É também mediadora parcial de atitudes anti-trans internalizadas e suicídio. O uso de drogas está positivamente associado com o risco de suicídio enquanto que o álcool não

Applegarth, G., & Nutall, J. (2016)

6 indivíduos transgéneros

Estudo qualitativo Análise fenomenológica interpretativa

Os resultados indicam que os trans têm receio da psicoterapia pois associam-na com a intervenção médica, contudo a qualidade da relação terapêutica pode trazer aceitação do self e esperança de um futuro sem terapia.

Grossman, A., Park, J., & Russell, S. (2016)

129 transgéneros e jovens com não conformidade de género

Estudo exploratório. Análise de regressão

Foi reportada maior ideação suicida em mulher para género diferente e em M para H; e maiores percentagens de tentativas de suicídio em mulheres para outro género e em homem para outro género.

A sobrecarga e o sentimento frustrado de pertença estão relacionados significativamente com a ideação suicida e/ou tentativas de suicídio. Experiências de eventos dolorosos e prejudiciais predizem significativamente as tentativas de suicídio. Os resultados apoiam a teoria psicológica interpessoal dos comportamentos de suicídio nos jovens trans e em não conformidade

Rodriguez, M., Mora, P., & Sánchez, E. (2017)

20 adolescentes com D.G.

Estudo experimental

Análise descritiva

U de Mann Whitney Chi Y

Dos adolescentes que procuraram ajuda quando sentiram dificuldades relacionadas com D.G., 70 % foram reencaminhados por serviços de saúde mental para a unidade de tratamento para disforia de género; destes, 25% requisitou somente intervenções psicológicas; os restantes 75% pediram tratamentos médicos.

Catelan, R., Costa, A., & Lisboa, C. (2017)

36 artigos

Estudo qualitativo

Revisão da literatura

São encontrados estudos onde os objectivos sobre a intervenção não são claros; encontradas várias teorias explicativas e nem sempre explicadas e nalguns estudos não foram apresentadas e explicadas as considerações epistemológicas. É sugerida a publicação de mais estudos empíricos com maior rigor científico e uma abordagem mais afirmativa acerca da identidade de género

Perry, N., Chaplo, S., & Baucom, K. (2017)

1 indivíduo trans

Estudo qualitativo

Estudo de caso

Os resultados indicam que podem surgir dificuldades ao se aplicar um modelo em terapia CBT para depressão crónica com base científica na intervenção trans, em indivíduos vitimas de stress de minorias

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Chakrapani, V., Vijin, P., Logie, C., Newman, P., Shunmugan, M., Sivasubramanian, M., & et al.. (2017)

300 mulheres trans e 300 homens que tem sexo com homens adultos

Estudo experimental

Modelos de mediação e modelação

O estigma da identidade de género, o suporte social, a resiliência nos trans e nos homens que têm sexo com homens são um preditor significante da depressão. Estigma das minorias de género e sexuais estão associadas com depressão, suporte social e capacidade de resiliência enquanto mediadores. É recomendado o uso de intervenções cujo objectivo é a redução do estigma com o foco no suporte social e na resiliência

Giovanardi, G., Vitelli, R., Vergano, C., Fortunato, A., Chianura, L., Lingiardi, V., & et al (2018)

95 adultos trans

(74 mulheres e 21 homens)

Estudo experimental

T-tests

Método Benjamini–Hochberg (BH)

56% experienciou 4 ou mais formas de trauma na infância e adolescência . Adultos com D.G. apresentam níveis mais altos de vinculação desorganizada e polivitimização. Na comparação por subgrupos definida por género atribuído à nascença, mostrou que mulheres trans, comparativamente ao grupo de controlo de homens, tiveram mais pais abusivos, quer física como psicologicamente, e foram mais separadas das mães. Homens trans, por comparação com grupo de controlo feminino, apresentaram mães mais presentes e foram mais frequentemente separados e negligenciados pelo pai

Wright, T., Candy, B., & King, M. (2018)

7 estudos

Revisão sistemática da literatura

Evidências publicadas limitadas sobre o uso, a natureza e consequência para a saúde de terapias de conversão. Destes estudos, quatro foram sobre realinhamento, dois usaram terapias psicanalíticas, um usou terapias de auto exposição e outro terapia lúdica aberta.

Wolford-Clevenger, C., Frantell, K., Smith, P., Flores, L., & Stuart, G. (2018)

45 estudos

Revisão sistemática da literatura

Os estudos referem a importância das estruturas de ideação para a ação na população trans, considerando as fontes de dor psicológica, desconexão social, e capacidade para o suicídio.

Ter em consideração os aspectos relacionados com a identidade cultura (raça e a religião), bem como, de que forma estes se interligam, contribuindo para maior risco

Roeder, M., Barkman, C., Richter-Appelt, H., Schulte-Markwort, M., Ravens-Sieberer, U., & Beker, I. (2018)

123 adolescentes trans masculinos; 23 adolescentes trans femininos

Estudo experimental

Regressões lineares

A qualidade de vida relacionada com a saúde está prejudicada em adolescentes transgénero, quando comparada com os valores normativos especialmente em relação aos aspectos de bem estar físicos e psicológicos. O modelo de regressão linear permitiu ainda concluir que existem mais problemas de internalização e menor satisfação com o corpo e que são geralmente preditores de menor qualidade de vida relacionada com a saúde

Campbell, M., Fresan, A., Addinall, R., Bohmke, W., Grobler, G., Marais, A., & et al (2018)

57 transgéneros adultos entre os 19 e os 49 anos de idade

Estatística descritiva Análises Chi square

Reportaram um grande desejo de ser de um género diferente e desconforto com muitos aspectos do seu corpo. Disfunção e stress psicológico estão significativamente associados à exclusão social (família e amigos em particular) e não necessariamente à diferença de identidade de género per si

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Scandurra, C., Bochicchio, V., Amodeo, A., Esposito, C., Valerio, P., Maldonato, N., & et al. (2018)

149 adultos transgéneros e em não conformidade de género

Estatística descritiva Modelos de equações estruturais

Os dois indicadores de transfobia internalizada (vergonha e alienação) são mediadores da relação entre descriminação anti-transgénero e depressão, enquanto que a alienação por si medeia a relação entre descriminação anti-transgénero e ansiedade. Os resultados sugerem que uma relação indireta entre descriminação anti-transgénero e ansiedade por meio da alienação está condicionada a níveis de resiliência baixos e moderados

Jaggi, T., Jellestead, L., Corbisiero, S., Schaefer, D., Jenewein, J., Schneeberger, A., & et al. (2018)

143 transgéneros adultos

Estudo experimental

Análises correlacionais

Modelos de regressão múltipla Análises multivariadas

Foram encontradas 3 variáveis explicativas da variação na sintomatologia depressiva (desemprego, não afirmação de identidade de género, transfobia internalizada)

Bartholomew, T., Gunde, B., Sullivan, J., Pérez-Rojas, A., & Lockard, A. (2018)

162, 305 cisgéneros; 545 transgéneros universitários

Estudo experimental

Modelos de regressão

Maior saúde mental anterior à utilização do serviço de aconselhamento e maior frequência de alguns stressores nos transgéneros. Os transgéneros, comparativamente aos cisgéneros, apresentam menores probabilidades de preocupações com álcool e drogas. Os transgéneros apresentam menor suporte familiar, mas mais suporte social do que os cisgénero.

Briggs, P., & Changaris, M. (2018)

7 transgéneros adultos

Estudo experimental

Teste T

P-value

Correlações Person

Uma intervenção breve de 10 sessões tem um efeito benéfico na sintomatologia depressiva, somatização e qualidade de vida para indivíduos em não conformidade de género

Staples, J., Neilson, E., Bryan, A., & George, W. (2018)

237 adultos trans

Estudo experimental

Modelo de equações estruturais

A transnegatividade internalizada atua como mediador e moderador na relação entre stress sentido e ideação suicida. Os resultados sugerem que as intervenções clínicas devem incidir diretamente na transnegatividade internalizada e também no nível de internalização de atitudes negativas da sociedade que tem um impacto acentuado acerca da noção da identidade do trans no próprio

Balik, C., Bilgin, H., Ulumun, O., Suhut, O., Yilmaz, S., & Buzlu, S. (2019)

3 estudos

Metodologia qualitativa

Revisão sistemática da literatura

Minorias de género sentem maior estigma e recusa face à prestação dos serviços de saúde e abusos físicos e verbais, por parte dos funcionário com altos níveis de homofobia e baixa literacia. Falta de informação sobre as temáticas das minorias de género

Witcomb, J., Claes, L., Bouman, W., Nixon, E., Motmans, J., & Arcelus, J. (2019)

274 transgéneros e jovens de género diferentes entre os 16 e os 25 anos

Estudo experimental

Chi-quadrado

Teste Shapiro-Wilk Teste Mann- Whitney

U teste

86,5% foi vitima de bulliyng, predominantemente em contexto escolar. Este foi mais prevalente no género feminino atribuído à nascença e em indivíduos assumidos consistente com a transfobia. Vítimas de bulliyng apresentaram mais sintomatologia ansiosa, mais ansiedade e depressão e menor auto estima

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Scandura, C., Mezza, F., Maldonato, N., Bottone, M., Bottone, M., Bochicchio, V., & et al. (2019)

11 estudos

Estudo qualitativo

Revisão sistemática da literatura

Não foram encontrados quaisquer referências que tenham avaliado intervenções psicológicas com o objectivo de melhorar a saúde em indivíduos não binários e genderqueer

Lefevor, G., Boyd-Rogers, C., Sprague, B., Janis, R. (2019)

892 estudantes cisgéneros, transgéneros e genderqueer fora do binário de género. adultos

Estudo experimental

Análise de variância

Indivíduos genderquer foram mais assediados, abusados sexualmente e sujeitos a mais eventos traumáticos do que os indivíduos cisgénero ou transgénero binários, com aproximadamente 50% dos indivíduos genderqueer a reportar uma destas experiências. Indivíduos gendeerqueer vivenciaram mais ansiedade, depressão e stress psicológico e problemas relacionados com a alimentação do que os trans binários e os cisgénero e mais ansiedade social do que os cisgénero. Os indivíduos genderqueer reportaram mais frequentemente automutilação e tendências suicidas do que os restantes grupos, aproximadamente 2/3 dos participantes comtemplaram o suicídio e 50% realizou uma tentativa de suicídio

Mayer, T., Koehler, A., Eyssel, J., & Nieder, T. (2019)

Amostra não clinica de 415 indivíduos trans (mais de metade assinalado femininos à nascença). 1/5 Destes indivíduos abraçaram identidades não binárias ou gender quer. adultos

Estudo experimental

Estatística descritiva Teste à normalidade Teste Shapiro-Wilk Teste Kruskal-Wallis H

Teste ao Chi- quadrado

Indivíduos com o género masculino atribuído à nascença com identidades não binárias ou genderqueer em fases iniciais do processo de transição mostraram significativamente mais desejo de psicoterapia durante o processo de transição do que os participantes com a mesma identidade mas em fases mais tardias do processo de transição

Taylor, K. (2019).

526 Estudantes (149 cisgénero; 46 transgénero)

Estudo experimental

Testes T

Análise de regressão linear múltipla

Ter experienciado transfobia indireta tem consequências negativas na auto estima dos alunos trans. A vitimização é um preditor de níveis de distress psicológico tardio, ideação suicida e mais baixa auto-estima

Lefevor, G., Sprague, B., Boyd-Rogers, C., Smack, A. (2019)

3030 estudantes (1,030 homens cisgénero; 1.030 mulheres cisgénero; 349 transgender; 681 endossando outra identidade de género)

Estudo experimental Estatística descritiva Chi-quadrado Análise de regressões

Indivíduos transgénero e com não conformidade de género reportam níveis mais altos de distress, menos apoio familiar, mais apoio social, e menor afiliação religiosa do que os homens e mulheres cisgénero. O suporte familiar e social são os maiores preditores de distress quer para indivíduos cisgénero como para os transgénero e os com não conformidade de género. Maior afiliação religiosa e viver no campus universitário é benéfico para os alunos cisgénero, mas ambas as situações não diminuem o distress para os alunos trans e em não conformidade de género.

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Pachankis, J., McConocha, E., Clark, K., Wang, K., Behari, K., Fetzner, B, & et al (2020)

60 mulheres adultas transsexuais

Estudo experimental

Estatística descritiva e correlações

Participantes com acesso ao tratamento psicológico apresentaram uma redução da depressão, ansiedade e menos efeitos do consumo de álcool

Pachankis, J. E., Williams, S. L., Behari, K., Job, S., McConocha, E. M., & Chaudoir, S. R. (2020)

108 jovens adultos de identidades sexual e identidade de género diferentes

Ensaio clínico

Estudo empírico e quantitativo

Comparativamente ao grupo de controlo, a escrita expressiva apresentou 3 meses de melhoria na sintomatologia depressiva e distress psicológico geral. De igual forma, exercícios de autoafirmação diminuem a ideação suicida e o abuso de drogas. Breves intervenções escritas exercem um impacto significativo sobre a saúde das minorias sexuais de jovens adultos, em particular daqueles expostos a maior descriminação e vitimização (áreas mais rurais)

MacMullin, L., Bokeloh, L., Nabbijohn, A., Santarossa, A., Van der Miesen, A., Peragine, A., & et al. (2020)

1719 crianças (entre os 6 e os 12 anos de idade)

Estudo experimental

Análise de regressão

Crianças em inconformidade de género têm desafios comportamentais emocionais mais elevados, sendo a associação mais forte para aquelas que mantêm relações mais fracas com o grupo de pares, ou que têm pais que reforçam atitudes estereotipadas relacionadas com o género, servindo de bases menos seguras

Marino, E., & Mollo-Torrico, J. (2020)

12 estudos

Estudo qualitativo

Revisão da literatura

Os resultados indicam que as pessoas LGBT (lesbian, gay, bissexual, transgender) com base na discriminação diária, bem como na dificuldade em encontrar um lugar numa sociedade heteronormativa, apresentam menor bem estar psicológico e felicidade, satisfação com a vida e auto estima

Verbeek, M., Hommes, M., Stutterrheim, S., Van Lankveld, J., & Bos, A. (2020)

10 transgéneros masculinos e 10 femininos

Estudo experimental

Estudo qualitativo

Entrevista semiestruturada grounded theory

Maior bem estar psicológico após a transição embora continuem a ser vítimas de diversas formas de estigmatização.

As mulheres trans são mais vítimas de estigma do que os homens trans e gozam de um estatuto social mais baixo depois da transição. Experienciam principalmente respostas negativas por parte dos homens cisgénero. Todos os participantes referem a importância atribuída ao suporte social e do grupo de pares.

Resumidamente, o estudo demonstra a presença de estigma depois da transição e a necessidade de apoio psicológico para este processo. O suporte social e do grupo de pares parece ser muito importante para fortalecer o coping contra a estigmatização

Maksut, J., Sanchez, T., Wiginton, J., Scheim, A., Logie, C., Zlotorznska, M., & et al. (2020)

381 mulheres transsexuais jovens adultas

Estudo experimental

Regressões modificadas de posisson

52% da amostra experienciou distress psicológico severo no ultimo mês em que o estudo foi realizado e 13,12% reportou ideação e tentativas de suicídio no transacto. Os resultados estabelecem um associação positiva entre distress psicológico severo, ideação e tentativas de suicídio

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Dominguez-Martínez, T., Rebeca, R., Frésan, A., Cruz, J., Vega, H., & Reed, G. (2020)

245 adultos transgéneros

Estudo experimental

Estatística descritiva, Analise de regressão logística multivariada

Os transgéneros estão mais expostos a riscos mais elevados de violência social, sendo a violência psicológica a mais prevalente, seguida de violência física e sexual

Yi, S., Chann, N., Chhoun, P., Tuot, S., Mun, P., & Brody, C. (2020)

1039 mulheres transgénero adultas

Estudo experimental

Modelos de regressão logística multivariada

43% tem prevalência de bingedrinking com particular ênfase nas trans entre os 25 e 34 anos de idade comparativamente com o grupo dos 18 aos 24. O consumo é menor com categorias profissionais tais como cabeleireiras, escriturário, quando comparadas com as sem emprego. As percentagens de bingedrinkers são maiores em trans que deixaram a escola e que, por causa da sua I.G., tiveram sexo transacional nos últimos 3 meses e usaram estimulantes à base de anfetaminas e reportaram abusos verbais por membros da família durante a adolescência. Em termos de saúde mental, as probabilidades de bingedrinking eram menores em quem reportou sintomatologia depressiva no decorrer da ultima semana. Os resultados indicam intersecções entre marginalização social, violência com base no género, risco de HIV e abuso de álcool

Valente, P., Schrimshaw, E., Dolezal, C., Leblanc, A., Singh, A., & Bockting, W. (2020)

330 transgéneros e não binários adultos

Estudo experimental

Regressões hierárquicas

Discriminação relacionada com o género associa-se positivamente a distress psicológico. De forma não esperada, literacia e ativismo estavam positivamente associados com distress psicológico

Mirabella, M., Giovanardi, G., Fortunato, A., Senofonte, G., Lombardo, F., Lingiardi, V., & et al. (2020).

36 indivíduos com incongruência de género jovens adultos

Estudo qualitativo

Entrevista clinica de diagnóstico

A insatisfação corporal pode envolver resultados negativos que pioram o sofrimento destes indivíduos

Hollinsaid, N., Weisz, J., Chorpita, B., Skov, H., & Price, A. (2020)

368 cisgéneros e 64 trans crianças e adolescentes

Estudo experimental

Multilevel modeling; Teste T

Em comparação com os cisgéneros, os jovens trans mostraram no pré-tratamento psicológico mais problemas severos de internalização e externalização. Embora o tratamento tenha sido benéfico para os 2 grupos, os cuidadores dos jovens trans reportaram que os problemas de externalização melhoraram progressivamente, mas de forma mais lenta, enquanto que se constatou que a probabilidade dos problemas de internalização se mantêm

Referências

Amostra

Metodologia

Principais resultados

Lelutiu-Weinberger, C., English, D., & Sandanapitchai, P (2020)

17,188 transsexuais adultos binários

Estudo experimental

Análise factorial confirmatória

Modelos de equações estruturais

Atitudes relacionadas com a afirmação de género, ser reconhecido com base na identidade, expressão e papel de género, (suporte familiar, procedimentos médicos relacionados com a transição, alteração de documentos legais) associam-se a menor ideação suicida e distress psicológico, e a maior consumo de substâncias, uso do sistema de saúde e testagem HIV. Discriminação por outro lado (tratamento desigual, discriminação e ataques) associa-se a maiores percentagens de ideação suicida, distress psicológico e consumo de substâncias. Politicas de afirmação de identidade trans são necessárias para o aumento da resiliência e melhoria da saúde mental dos trans

Legenda: I.G. (identidade de género); D.G.(disforia de género); P.I.G (perturbação da identidade de género; M para F (Masculino para feminino) e F para M (e feminino para masculino).

Os resultados dos 43 estudos resultantes do cruzamento entre as variáveis sinalizadas permitem constatar que a maioria dos estudos efetuados foi feita com base numa amostra de pessoas adultas (23 estudos), seguida de estudos efectuados com crianças e adolescentes (11 estudos) e ainda 9 estudos qualitativos. Em relação aos aspectos psicológicos encontrados nos artigos que constam desta revisão sistemática da literatura, os estudos (metodologia quantitativa e qualitativa) permitem concluir que as pessoas transgénero lidam com várias dificuldades associadas à diminuição da saúde mental; indicam ainda que a não conformidade de género é preditora de níveis baixos de bem estar psicológico e que o mal estar psicológico está relacionado com experiências percebidas de estigmatização (Baams, et al., 2013). Pessoas LGBT (lesbian, gay, bissexual, transgénero) vítimas de discriminação diária sentem mais dificuldades em encontrar o seu lugar numa sociedade maioritariamente heteronormativa, assim como menos bem estar psicológico, felicidade, satisfação e auto estima (Marini & Mollo-Torrico, 2020).

Em relação à associação entre a discriminação e o suicídio, os resultados indicam que a discriminação exerce na transsexualidade um efeito indireto na saúde mental e na ideação suicida (Sutter e Perrin, 2016). Num estudo recente (Lelutiu et al., 2020), os autores referem que as atitudes relacionadas com a afirmação de género, além de ser-se reconhecido com base na identidade, expressão e papel de género (suporte familiar, procedimentos médicos relacionados com a transição, alteração de documentos legais), associam-se a menor ideação suicida e distress psicológico e que, de forma oposta, a discriminação (tratamento desigual, discriminação e ataques) associa-se a maiores percentagens de ideação suicida e distress psicológico. Os autores Klein e Golub (2016), referem que, de uma amostra de 3458 pessoas, 42,3% já efetivou uma tentativa de suicídio como forma de lidar com a discriminação sentida. Um outro estudo refere que, de uma amostra de 381 mulheres transexuais, 52% da amostra vivenciou distress psicológico severo, tendo 13,12% reportado ideação e tentativas de suicídio. Os autores estabelecem uma associação positiva entre distress psicológico sentido e ideação e tentativas de suicídio (Maksut et al., 2020). De uma amostra de 3030 estudantes, em que 349 são transgéneros e 682 tem outra identidade de género, as pessoas genderqueer reportaram mais automutilação e tendências suicidas do que os restantes grupos da amostra, tendo 2/3 comtemplado o suicídio e 50% realizado uma tentativa de suicídio (Lefevor et al., 2019). Taylor, em 2019, refere que os alunos transgénero que sentiram transfobia indireta sofreram consequências negativas em relação à sua autoestima. Neste caso, a vitimização ganha contornos de preditor de níveis de distress psicológico tardio, ideação suicida e auto estima mais baixa. Staples e colaboradores (2018) indicam que a transnegatividade internalizada atua como moderadora na relação entre o stress e a ideação suicida. Num outro estudo (Grossman et al., 2016), os autores indicam a existência de maior ideação suicida nas pessoas (M para género diferente) e (MtH), e maiores percentagens de tentativas de suicídio nas pessoas (M para outro género) e (H para outro género). Os mesmos autores indicam que a sobrecarga percebida e o sentimento de frustração de pertença estão relacionados significativamente com a ideação suicida e ou tentativas de suicídio. Experiências de eventos dolorosos e prejudiciais predizem significativamente as tentativas de suicídio. Estes resultados apoiam a teoria psicológica interpessoal dos comportamentos de suicídio nos jovens transsexuais e em não conformidade de género (Grossman et al, 2016). Num estudo realizado por Wolforf-Clevenger e colaboradores (2018), os resultados permitem aos autores referir que é necessário equacionar as estruturas de ideação das pessoas transgénero para a ação, nomeadamente quanto à dor psicológica, à desconexão social e à capacidade para o suicídio.

Em relação à associação entre a discriminação e o consumo de substâncias, os autores (Klein & Golub, 2016) referem que de uma amostra de 3458 pessoas 26,3% consome álcool e drogas para fazer face à descriminação relacionada com a identidade de género. De igual forma os autores referem que a rejeição familiar relacionada com a identidade de género funciona como stress interpessoal, afectando negativamente a saúde dos transgéneros e das pessoas em não conformidade de género. Num outro estudo (Lelutiu-Weinberg, 2020), os autores referem que o tratamento desigual, a discriminação e ataques se associam a maiores consumos de substâncias. Ainda em relação ao consumo de álcool, um outro estudo realizado (Yi et al., 2020) com uma amostra de 1039 mulheres transgénero demonstrou um nível de 43% de prevalência de bingedrinking, com particular ênfase nas mulheres entre os 25 e 34 anos de idade, comparativamente com o grupo dos 18 aos 24. Os resultados indicaram ainda que os consumos eram menores nas mulheres que tinham uma categoria profissional (cabeleireiras e escriturárias) comparativamente com as mulheres desempregadas, sendo esta percentagem maior nas mulheres que deixaram a escola mais cedo, que tiveram sexo ocasional durante os últimos 3 meses, que usaram estimulantes à base de anfetaminas e reportaram abusos verbais por parte da família durante a adolescência. Os resultados deste estudo indicam intersecções entre marginalização social, violência com base de género, risco de HIV e abuso de álcool (Yi, 2020).

Em relação à associação entre a discriminação e o bulliyng, os autores (Witcomb, et al., 2019) referem que, de uma amostra de 274 pessoas jovens transgénero e de género diferente, 86,5% foi vítima de bulliyng, predominantemente em contexto escolar e no género feminino atribuído à nascença. Os autores referem que as pessoas vítimas de bulliyng apresentam mais sintomatologia ansiosa e depressiva, e uma menor autoestima. Num outro estudo, os autores Lefevor e colaboradores (2019) referem que os indivíduos genderqueer foram mais assediados, abusados sexualmente e sujeitos a mais eventos traumáticos do que os indivíduos cisgénero ou transgénero binários, com aproximadamente 50% dos indivíduos genderqueer a reportar uma destas experiências.

É ainda reportado que os indivíduos gendeerqueer sentiram mais ansiedade, depressão, stress psicológico e problemas relacionados com a alimentação do que os transgénero binários e os cisgénero, e mais ansiedade social do que os cisgénero. Num outro estudo, sobre a violência, os resultados indicam que as pessoas transgéneros estão mais expostas a riscos mais elevados de violência social, sendo a violência psicológica a mais prevalente, seguida de violência física e sexual (Dominguez-Martínez et al., 2020). Um outro estudo refere dois indicadores de transfobia indireta (vergonha e alienação) como mediadores da relação entre descriminação anti-transgénero e depressão, sendo a alienação o mediador da relação entre discriminação anti-género e ansiedade. Os resultados sugerem que uma relação indireta entre descriminação anti-transgénero e ansiedade por meio da alienação está condicionada a níveis de resiliência baixos e moderados (Scandurra et al., 2018).

Num estudo realizado em 2019, os autores Lefevor e colaboradores referem que pessoas transgénero e com não conformidade de género reportam níveis mais altos de distress, menos apoio familiar, mais apoio social, e menor afiliação religiosa do que os homens e mulheres cisgénero. O suporte familiar e social são os maiores preditores de distress quer para indivíduos cisgénero como para os transgénero e os em não conformidade de género. Maior afiliação religiosa e viver no campus universitário é benéfico para os alunos cisgénero mas ambas as situações não diminuem o distress para os alunos trans e em não conformidade de género. Estes resultados alertam para a necessidade de intervenção psicológica para esta população escolar. É referido pelos autores Balik e colaboradores (2019) que as minorias de género sentem maior estigma e recusa face à prestação dos serviços de saúde e abusos físicos e verbais por parte dos funcionários de saúde com altos níveis de homofobia e baixa literacia. Os autores referem a inexistência de informação sobre as temáticas das minorias de género. Num estudo realizado em 2020, Verbeek e colaboradores referem que as mulheres transgénero são mais vítimas de estigma do que os homens transgénero e gozam de um estatuto mais baixo depois da transição. Estas vivenciam principalmente respostas negativas por parte dos homens cisgénero. Os autores (Verbeek et al., 2020) referem que o suporte social e do grupo de pares é crucial para fortalecer o coping contra a estigmatização.

Em relação à infância e adolescência, num estudo realizado com uma amostra de 95 adultos com disforia de género, os autores referem que 56% foi vítima de 4 ou mais formas de trauma na infância. Indicam ainda que adultos com disforia de género apresentam níveis mais elevados de vinculação desorganizada e polivitimização. O mesmo estudo constata que mulheres transgénero, comparativamente ao grupo de controlo de homens, tiveram pais que física e psicologicamente eram mais abusivos e tiveram ainda períodos de maior separação das mães. Por outro lado, homens transgénero por comparação ao grupo de controlo feminino apresentaram mais mães presentes e foram mais frequentemente separados e negligenciados pelo pai (Giovardi et al., 2018). Num outro estudo, Steensma e colaboradores (2013) referem que é reportado pelos professores que os adolescentes com disforia de género apresentam mais problemas emocionais e comportamentais do que as crianças. É ainda referido que os rapazes com disforia de género à nascença desenvolvem relações mais fracas com os grupos de pares e mais problemas de internalização do que de externalização quando comparados com raparigas com disforia de género à nascença. Num estudo mais recente, os autores (MacMullin et al., 2020) referem que crianças que apresentam inconformidade de género têm de estar à altura de desafios comportamentais e emocionais mais elevados, sendo esta associação mais forte para aquelas crianças que desenvolvem relações mais fracas com os seus grupos de pares ou que têm pais que reforçam atitudes estereotipadas relacionadas com a identidade de género sendo por isso uma base menos segura para os filhos.

Em relação à imagem corporal os autores referem que maior insatisfação corporal pode envolver resultados negativos que pioram o sofrimento de pessoas transgénero (Mirabella et al., 2020). Grift e colaboradores (2016) realizaram um estudo que permitiu concluir que indivíduos com perturbação da identidade de género rapariga-para-rapaz apresentaram uma imagem corporal mais positiva do que em rapaz-para-rapariga. Estes apresentaram grande insatisfação para com a zona genital, também com a postura, cara e cabelos. De forma oposta, raparigas-para-rapaz apresentaram maior insatisfação com o peito. Os resultados do estudo permitiram aos autores concluir que maior incongruência com a aparência física resulta em maior dificuldade psicológica e de adaptação e maior exposição face à descriminação e estigmatização. Num outro estudo realizado com 57 transgéneros adultos, os autores concluem que a amostra reportou um grande desejo da parte destes indivíduos de serem de um género diferente, bem como desconforto com muitos aspectos do seu corpo (Campbell et al., 2018). De igual forma os autores Roeder e colaboradores (2018) indicam que os adolescentes transgénero, em comparação com o grupo de controlo, apresentam mais problemas de internalização e menor satisfação com o corpo sendo estes factores preditores de menor qualidade de vida relacionada com a saúde, nomeadamente em relação aos aspectos físicos e psicológicos.

Num estudo realizado no sentido de compreender os aspectos da saúde sexual de pessoas com disforia de género, os autores referem que as pessoas trans femininas encontram parceiras femininas orientadas sexualmente para homens, o que não complementa sua identidade feminina e que os transgéneros masculinos encontraram parceiras mais femininas no sentido de complementar a sua identidade masculina. Em ambos os géneros, constelações de parceiras complementares associaram-se a maior evitamento sexual de experiências sexuais e a uma experiência sexual mais negativa (Cerwenka et al., 2014).

Em relação à associação entre a discriminação e o suicídio, os autores (Chakrapani e colaboradores, 2017) referem que o estigma da identidade de género, o suporte social e a resiliência nas pessoas transgénero são um preditor significante da depressão. Num outro estudo, os autores Jaggi e colaboradores (2018) referem que o desemprego, a não afirmação da identidade de género e ainda a transfobia internalizada são 3 variáveis explicativas da depressão. Num outro estudo (Tebble & Moradi, 2016), os autores referem que a depressão é mediadora da relação entre experiências percebidas de discriminação, medo de estigma anti-trans e suporte dos amigos, com risco de suicídio, sendo também mediadora parcial de atitudes anti-trans internalizadas e suicídio.

Em relação à intervenção psicológica e psicoterapêutica (embora não tenhamos encontrado muitos estudos sobre a temática do apoio e da intervenção psicológica nas pessoas transgénero), os artigos que constam desta revisão sistemática da literatura são unânimes em referir os benefícios e a necessidade deste tipo de intervenções.

Valente e colaboradores (2020) referem num estudo recente que a discriminação relacionada com o género se associa positivamente a distress psicológico. Os mesmos autores referem que, de forma não esperada, literacia e ativismo se associam positivamente com distress psicológico. Os autores Mayer e colaboradores (2019) referem que os indivíduos com o género masculino atribuído à nascença com identidades não binárias ou genderqueer em fases iniciais do processo de transição mostram significativamente mais desejo de psicoterapia durante o processo de transição do que os participantes com a mesma identidade, mas em fases mais tardias do processo de transição. Rodriguez e Sánchez (2017) referem que, dos adolescentes que procuram ajuda quando sentem dificuldades relacionadas com a disforia de género, 70 % destes foi reencaminhado por serviços de saúde mental para a unidade de tratamento para disforia de género. Destes, 25% requisitou somente intervenções psicológicas, os restantes 75% pediram tratamentos médicos. Lelutiu-Weinberger e colaboradores (2020) referem que são necessárias politicas de afirmação de identidade transexual no sentido de aumentar a resiliência e melhoria da sua saúde mental. Num estudo realizado por Staples e colaboradores (2018), os autores sugerem que as intervenções clinicas devem incidir na transnegatividade internalizada e também ao nível da internalização de atitudes negativas, uma vez que estes factores têm um impacto grande na noção de identidade das pessoas transexuais. Chakrapi e colaboradores (2017) referem também a importância das intervenções psicológicas de forma a reduzir o estigma, com um especial enfoque no suporte social e na resiliência. Lefevor e colaboradores (2019) referem ser de grande importância a necessidade de intervenção psicológica junto da população escolar transsexual. Esta ideia é também reforçada por Bartholomew e colaboradores (2018) num estudo que indica que estudantes universitários que procuram apoio psicológico estão mais propensos a relatar stressores pré tratamento, quando comparados com estudantes cisgénero. Num estudo recente (Pachankis et al., 2020), os resultados referem que as pessoas transgénero e com uma identidade não binária que tiveram acesso a tratamento psicológico apresentaram uma maior redução na sintomatologia depressiva e ansiosa e ainda menos efeitos do consumo de álcool. Noutro estudo, os autores referem que os adolescentes melhoram o seu funcionamento geral após 6 meses de apoio psicológico. Em adolescentes a fazer supressão hormonal este resultado é ainda mais eficaz (Costa et al., 2015). Briggs e Changaris (2018) indicam que uma intervenção breve de 10 sessões de apoio psicológico tem um efeito benéfico na sintomatologia depressiva, somatização e qualidade de vida em pessoas com não conformidade de género. Um outro estudo indica que, comparativamente com os cisgéneros, os jovens transsexuais mostraram no pré-tratamento psicológico mais problemas severos de internalização e externalização. Embora o tratamento tenha sido benéfico para os 2 grupos, os cuidadores dos jovens transsexuais reportaram que os problemas de externalização melhoraram progressivamente mas de forma mais lenta enquanto que se constatou que a probabilidade dos problemas de internalização se mantiveram (Hollinsaid et al., 2020). Os autores Pachankins et al. (2020) referem num estudo recente que o uso de breves intervenções escritas exercem um impacto significativo sobre a saúde das minorias sexuais de jovens adultos, em particular nas áreas rurais, particularmente daqueles mais expostos a maior descriminação e vitimização. Referem os autores que, comparativamente ao grupo de controlo, o grupo que trabalhou a escrita expressiva apresentou 3 meses de melhoria na sintomatologia depressiva, e distress psicológico geral e que os exercícios de autoafirmação permitiram uma diminuição na ideação suicida e no abuso de drogas. Alguns autores (Scandura et al., 2019) foram mais peremptórios ao afirmar que não foram encontradas referências que tenham avaliado as intervenções psicológicas com o objectivo de melhorar a saúde em indivíduos não binários e genderqueer. Catelan e colaboradores (2017) referem que os estudos encontrados não são claros em relação aos objectivos da intervenção, e têm por base várias teorias explicativas, não sendo estas explicadas e clarificadas. Os autores sugerem a publicação de mais estudos empíricos com maior rigor científico e uma abordagem mais afirmativa acerca da identidade de género. Num estudo sobre o uso das terapias de conversão, os autores (Wright et al., 2018) tecem várias criticas, nomeadamente sobre as evidências limitadas, publicadas , sobre o uso, natureza e consequência para a saúde de terapias de conversão. Referem os autores que, dos estudos encontrados, quatro foram sobre realinhamento, dois usaram terapias psicanalíticas, um usou a terapia de auto-exposição e ainda um outro a terapia alúdico-aberta. Os autores (Perry et al., 2017) referem que a aplicação de modelos em terapia CBT para depressão crónica com base científica na intervenção transgénero em indivíduos vítimas de stress de minorias pode trazer dificuldades. Num outro estudo (Applegarth et al., 2016) os resultados indicam que as pessoas transgénero têm receio da psicoterapia pois associam-na com intervenção médica, contudo referem que a qualidade da relação terapêutica pode trazer à pessoa a aceitação do self e a esperança num futuro sem terapia.

5 –Conclusão, aplicações académicas, limitações e sugestões para estudos futuros

Eddie Redmayne interpretando a pintora transgénero Lili Elbe no filme The Danish Girl, de 2015.

Com base nos estudos encontrados concluímos que a discriminação está diretamente associada a maior ideação suicida, tentativas de suicídio (Klein e Golub, 2016; Wolforf-Clevenger e colaboradores, 2018; Lefevor et al., 2019 & Maksut et al., 2020), mais distress psicológico (Klein & Golub, 2016; Sutter e Perrin, 2016), menor auto estima (Taylor, 2019), maior consumo de álcool e drogas (Klein & Golub, 2016; Yi, 2020), mais bullyng (Witcomb, et al., 2019), mais assédio sexual, abuso sexual e violência física (Lefevor et al., 2019), níveis de resiliência mais baixo (Scandura et al., 2018) mais estigma por parte dos serviços de saúde pública (Balik et al., 2019) e maior sintomatologia depressiva (Chakrapani et al., 2017). Os resultados indicam ainda que estes indivíduos aquando da sua infância apresentam níveis mais altos de vinculação desorganizada, maior negligência por parte dos pais (Giovardi et al., 2018) e mais problemas emocionais e comportamentais quando comparados com outras crianças (Steensma et al., 2013). De igual forma apresentam maior insatisfação corporal (Mirabella et al., 2020) e que este factor se traduz em maiores dificuldades psicológicas e de adaptação (Campbell et al., 2018; Griff et al., 2016) e evitamento de experiências sexuais e experiências sexuais mais negativas (Cervenka et al., 2014). Embora existam alguns estudos com resultados contraditórios, em relação à intervenção psicológica e psicoterapêutica, os resultados indicam vários benefícios. Nomeadamente: a) suporte nas fases iniciais do processo de transição (Mayer et al., 2019); b) a pedido dos próprios (Rodriguez & Sánchez, 2017); c) com o objectivo de reduzir a transnegatividade (Staples et al., 2018) e estigma (Chakrapi, et al., 2018), a ideação suicida (Pachankris et al., 2020); d) apoio nas fases escolares (Bartholomew et al., 2019; Lefevor et al., 2019); e) redução da sintomatologia depressiva (Briggs & Changaris, 2018) e ansiosa e consumos de álcool (Pachankis et al., 2020); f) melhoria do funcionamento geral (Briggs & Changaris, 2018).

Com base nestes resultados, parece-nos que se pode constatar que a não conformidade com o sexo biológico atribuído à nascença se traduz num conjunto de dificuldades que colocam em risco a vida dos indivíduos nas mais diversas esferas do funcionamento biopsicossocial. É necessário desenvolver um conjunto de programas e intervenções, individuais e comunitárias, cujo principal objectivo é a despatologização da não conformidade de género junto dos implicados e da comunidade, criando modelos de funcionamento otimizados que deixam cair por terra conceitos como a discriminação com base na identidade de género binária.

Os resultados desta revisão sistemática da literatura devem ser interpretados com algum cuidado, e a sua generalização cuidadosa, pois existem algumas limitações ao estudo realizado, nomeadamente quanto ao número de bases de dados que suportaram a revisão. De igual forma, para estudos futuros, sugerimos que nova pesquisa seja efectuada, acrescentando também no motor de busca o termo não conformidade de género e ainda com abrangência até ao final de 2021, de forma a que a informação recolhida seja o mais atualizada possível.

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