É a nossa última newsletter deste ano e queremos que seja marcada, em primeiro lugar, neste ano inaugural da nossa existência, pelo agradecimento e apreço para com todos os que nos acompanham, e também com uns sinceros e calorosos desejos de Boas Festas. Sigamos para os artigos e destaques do último mês:
Começamos com um excelente mas breve texto da autoria de Bruno Dinis sobre a natureza dos números naturais e a distinção entre estes e outras categorias numerais. E também mais um artigo de Miguel Silva Graça sobre o papel dos centros comerciais na paisagem urbana contemporânea.
Anselmo M. Marques trouxe-nos um dos ensaios mais interessantes e complexos que tivemos a oportunidade de publicar, sobre paralelos entre a linguagem, o pensamento e a finança. A ler com atenção e com calma! Ricardo Fortunato, por outro lado, escreveu sobre a falta de critério que existe quando se abarcam todas as posições cépticas acerca das campanhas de vacinação de 2020 como “negacionistas”.
Jéssica Costa Bispo escreveu-nos uma excelente critica/ensaio sobre as descrições da interacção distópica entre a espécie humana e a natureza em duas obras recentes da literatura norte-americana. E Guilherme Berjano Valente simpaticamente nos trouxe uma excelente crítica/ensaio sobre como a figura do ciborgue de Donna Haraway, em O Manifesto Ciborgue (1985), tem paralelos com certas ideias de teoria literária acerca de poemas.
Os Artigos Mais Lidos de 2022
Tivemos um enorme gosto em apresentar os três artigos mais lidos de 2022, cujos autores presenteamos com um vale de 15€ numa livraria online para cada. São eles “O Direito (Jurídico) de Resistência: Legítima Defesa e Dever de Obediência”, de Pedro Tiago Ferreira, “Influenciador Post-Mortem? A Opinião Pública Online sobre António de Oliveira Salazar, 50 anos após a sua morte”, de Beatriz Fernandes da Silva, e “Democratic Peace Theory: Kant’s Heritage and Its Flaws”, de Tiago Rocha Correia. Muito obrigado a estes autores!
Fizemos ainda questão de salientar cinco menções honrosas no capítulo dos artigos mais lidos no ano de 2022. São estes “O Close-Up e o Rosto Feminino na História do Cinema”, de Marta Silva de Almeida, “Relações entre Fotografia e Poesia no Mesmo Objeto Artístico”, de Vítor Alves Silva, “O Papel da Ciência Durante as Pandemias”, de Miguel Prudêncio, “Sobre micromanifestações na Faculdade de Letras de Lisboa”, de Ricardo Fortunato, e “O Teatro de Ópera no Rio de Janeiro durante a Primeira República (1889-1930) – Identidade Musical na Sociedade e na Cultura”, de Luciano Botelho da Silva. Os nossos agradecimentos a todos estes autores também!
Feminino e Feminismo
Primeiro, uma partilha leve, que nos ocorreu relembrar, em termos de conteúdo crítico, mas de referência relevante e memorável: uma peça sobre mulheres pioneiras na história mais ou menos recente de Portugal.
Depois, algo mais extenso e complexo: há cerca de cinco anos atrás, um movimento de denúncias públicas de assédio sexual na área do entretenimento e, mais tarde, na sociedade em geral, abalou algumas figuras conhecidas e poderosas da indústria de Hollywood. O movimento metoo proporcionou contextos e plataformas para certos comportamentos de coacção relacionados com vida profissional e sexo serem trazidos a público, analisados e, nalguns casos, punidos criminalmente.
Findo esse período, o que restou? Algumas acusações bem sucedidas em relação a casos complexos de coacção em contexto laboral com vista ao usufruto sexual, como no caso de Harvey Weinstein, e outros indetermináveis ou constituídos de facto por acusações falsas, como no caso Depp/Heard.
Em termos documentais, de literatura, de discurso, pouco se aproveita; muitos hashtags e coisas que mais, muitas proclamações de emancipação que muitas vezes redundam simplesmente em mais proclamações de emancipação. Mas há um documento que parece ser uma excepção nesse panorama criticamente desolador: um dos documentos mais avassaladores, adultos, desafiantes, abrangentes, desse período. Trata-se de um manifesto que se solidariza com verdadeiras acusações de abuso sexual mas que censura veementemente e
eloquentemente a condenação da sedução erótica, da livre comunicação entre pessoas adultas, e argumenta a favor do “direito a importunar como fundamental à liberdade sexual”. É uma posição madura, consciente da complexidade das interacções eróticas e de como estas não são feitas de requerimentos burocráticos e anuimentos verbais, mas sim de dimensões orgânicas, físicas, químicas, complexas e onde a linguagem é muitas vezes também complexa e até ambígua.
Foi assinado por várias figuras da academia, do entretenimento e até do activismo feminista francês, entre as quais Catherine Deneuve, Catherine Millet e Ingrid Caven. Documento original aqui e tradução para inglês aqui.
Boas Festas! “The 100 Greatest Movie Insults of All Time”
Por fim, como prenda de natal para todos os nossos leitores, em pleno contraste ou identidade com os típicos desejos de Boas Festas, apresentámos também este exercício de amor: aquele de dar azo às classificações mais elaboradas, esquisitas, de voz própria e autónoma, para descrever alguém ou a parte de alguém da forma mais inflamada, insultuosa e celebratória possível. Trata-se de um vídeo com os 100 melhores insultos do cinema de todos os tempos, da autoria de Harry Hanrahan. Desejamos assim a todos um santo insulto e um santo natal. Vídeo disponível no link acima, e o original aqui.
Submissões
Desejamos, como sempre fazemos, bons trabalhos, boas leituras, e, como já dissemos, enormes desejos de felicidade nesta quadra festiva e de prosperidade para o novo ano que em breve se inicia. Está sempre em aberto o convite para nos enviarem as vossas propostas de artigos, seja em fase já concluída ou enquanto versão incompleta, mero esboço ou mesmo apenas ideia. Aceitamos, como já sabem, todos os temas de relevo, mas podem consultar algumas sugestões de tópicos aqui. Até breve!
Boas Festas, Bom Natal e Bom Ano Novo!