Esta é uma excelente oportunidade para, mais uma vez, preto no branco, sem qualquer dúvida, fazer o diagnóstico do histerismo populista, irracional e sem qualquer dignidade a que este assunto se dispõe. Em Junho de 2023, o Diário de Notícias começou por publicar on-line uma notícia que apontava erradamente um número de 42 alegadas vítimas de assédio sexual na Universidade de Coimbra. Na imagem abaixo, podem encontrar a notícia conforme apresentada originalmente — aliás, logo veiculada por um dos típicos populistas dedicados ao assunto, que vêem “assediadores” a cada esquina; na imagem acima, a versão posterior, já corrigida. Portanto num único ano o redactor do cabeçalho inicialmente transformou, inchado pelo histerismo que referimos, 42 vítimas de assédio DE TODOS OS TIPOS em 42 vítimas de assédio sexual.
Esta é uma confusão comum que em geral ninguém quer esclarecer, porque dá jeito à indústria do vitimismo e ao sensacionalismo relacionado com sexo. Estes são perigos reais, e possivelmente tão graves como as ocorrências do próprio assédio, e quem não os veja ou é sonso ou é hipócrita. Efetivamente, os números reais, que podem encontrar clicando no link da reportagem, não podendo atingir o zero, estão dentro daquilo que é, dentro da frieza aritmética, uma média baixa: a maioria são de assédios morais ou outras sub-categorias, e apenas dois (dois!!) são efetivamente de assédio sexual.
É evidente que existirão certamente muitos casos, de todos os tipos, não denunciados, mas estes números são o que são. Agora repare-se na figura completamente descabelada e atabalhoada que fazem algumas pessoas, nomeadamente até docentes universitários dados a este tipo de “luta”, na sua vertente sensacionalista, até jornalistas, comentariado nacional e o próprio redator do cabeçalho, representante da classe: lêem “assédio” e o cérebro trava: já nem querem saber se é verdade, se é sexual ou moral, se os números estão a aumentar; tudo o que interessa é colar na narrativa do alarmismo do sexo e na ideia que as universidades são caldeirões neuróticos de perigos e abusos.
Na verdade, são duas coisas muito diferentes e se calhar deviam ser pensadas em categorias completamente diferentes. Para existência de assédio moral basta, em termos sucintos, uma pessoa em posição de hierarquia superior ser completamente parva e injusta com outra. Isto pode passar-se em plena sala de aula, defronte de toda a gente, na maior trivilialidade e coloquialidade. Para a existência de assedio sexual as coisas são muito diferentes e há toda uma logística requerida, em geral envolvendo privacidade, contacto próximo e pessoal, e sigilo. Esta visão da realidade que equivale maniacamente assédios muito diferentes é, ela sim, um exemplo lamentável de mania da perseguição, de instabilidade conceptual, de falta de noção, que não ajuda ninguém. Haja lucidez da parte das pessoas verdadeiramente interessadas nos diagnósticos dos problemas e vergonha da parte dos demagogos, populistas, histéricos, mentalmente diminuídos e sem carácter, investidos em causas imaginárias para ganharem pontos sociais, portanto.