Quatro Muito Diferentes Coleccionadores do Séc. XX

Abordamos hoje quatro muito distintos coleccionadores de arte do século XX, um deles ainda connosco. O impulso que leva ao coleccionismo pode advir de origens variadas mas, na maior parte dos casos, requer a existência de significativos recursos já existentes. A prática pode ter ligações familiares ao diagnóstico psiquiátrico do hoarding — a acumulação compulsiva de coisas para além do logisticamente razoável — mas, em geral, é regida pela necessidade de gastar o dinheiro nalguma coisa que não na actividade principal do colecionador, em geral prática e usurária, uma dedicação paralela, preferencialmente nobre e duradoura, critério para o qual as obras de arte servem perfeitamente. 

Começamos assim o magnata da imprensa da primeira metade do século, William Randolph Hearst, que, por muito que o próprio tivesse feito esforços em contrário, ficou mais conhecido pela adaptação/inspiração livre da sua biografia até então no filme Citizen Kane, de Orson Welles, 1941. Hearst era o empresário de comunicação social mais abastado do seu tempo e ao mesmo tempo exímio e compulsivo coleccionador de arte, desde pintura, escultura, artefactos históricos, peças exóticas e tudo o mais, acumuladas no castelo que começou a construir na Califórnia mas nunca terminou. Recomendamos Hearst the Collector, obra sobre as colecções, se ainda a conseguirem encontrar, em https://www.abebooks.com/9780810972834/Hearst-Collector-Levkoff-Mary-Angeles-0810972832/plp.

Depois,  Solomon R. Guggenheim, empresário americano, da área da mineração, que criou uma fundação dedicada à preservação da arte, particularmente da arte moderna, e para a qual contribui também a sua talvz mais conhecida sobrinha, Peggy Guggenheim, figura social e apreciadora de arte e amiga dos artistas.

Ainda, uma figura mais sinistra, quiçá aberrante, cujos métodos de acumulação de arte foram muito mais discutíveis mas cujo impulso, na sua base, talvez seja idêntico: o marechal nazi Hermann Göring, figura excêntrica e algo excessiva, aproveitou-se do saque aos bens judaicos para acumular quer em propriedade pessoal quer em propriedade do estado variadíssimas obras de arte daí provenientes.

Por último, o empresário português madeirense José Berardo, da área da mineração, da agricultura e mais tarde da finança, que começou a coleccionar por hobby itens de pouco valor como selos e postais, passando mais tarde, com a fortuna, às obras de arte, acumulando uma notável colecção em particular de arte moderna que hoje está exposta em Portugal.